Cannabis Inc. https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br Notícias de saúde e negócios Thu, 25 Nov 2021 16:04:37 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Para NatuScience, THC pode ser visto como droga, mas é medicamento https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/07/30/para-natuscience-thc-pode-ser-visto-como-droga-mas-e-medicamento/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/07/30/para-natuscience-thc-pode-ser-visto-como-droga-mas-e-medicamento/#respond Thu, 30 Jul 2020 13:47:59 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/ruderalis-cannabis-leaf-300x215.jpg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1173 Para saber sobre o panorama desafiador da Cannabis medicinal no Brasil, entrevistei Theo Van der Loo, fundador da NatuScience, criada para pesquisar novos medicamentos para doenças como epilepsia, esclerose múltipla e autismo.

No Brasil, o executivo esteve durante 30 anos à frente da Bayer, uma das maiores farmacêuticas do mundo. O setor da Cannabis medicinal segue aqui quase as mesmas regras que a Anvisa exige para o registro de um medicamento alopático. A NatuScience surgiu um ano e meio depois de Van de Loo ter saído da Bayer.

São muitos os desafios dos empresários da Cannabis no Brasil. Para começar, a regulação do setor é nova – aprovada em dezembro­– e muito técnica para quem não entende de fármacos. Some isso ao preconceito em relação ao tema.

Há ainda a crise econômica atual provocada pela pandemia da Covid-19, que refreou os investimentos em todo o mundo. Vale lembrar que a maioria das empresas nacionais ainda se encaixa na categoria startups. Isso quer dizer que estão em ritmo de captação de investimentos.

Na entrevista abaixo Van der Loo discorre sobre o preconceito ao THC, substância importante para muitos tratamentos, e a necessidade da aprovação de uma lei de cultivo para viabilizar um preço final mais acessível aos pacientes.

 

Qual é o maior desafio de um empresário da Cannabis atualmente no Brasil?
TVL: O grande desafio é conseguir trazer o THC acima de 0,3%. É muito difícil conseguir um fornecedor para importar. Não é uma questão de regulatório da Anvisa, mas de polícia. Há um preconceito muito grande em relação ao THC. Ele pode ser visto como uma droga, mas é um medicamento. Alguns medicamentos só vão funcionar se você tiver uma dose maior de THC.Ele é necessário para o tratamento de doenças.

 

É tão importante assim?
TVL: Sim, por causa do dose-resposta em forma de sino, quando você tem de aplicar uma dose maior de THC para conseguir o benefício da substância. Você tem de achar o limite bom de cada paciente (o que varia conforme o indivíduo). A dose atual que vem sendo dada é muito baixa. Teria de ser 0,7%, pelo que venho pesquisando.

 

Muitas pessoas encaram a Cannabis como uma commodity. O que o senhor acha disso?
TVL: Chamar de commodity é banalizar um pouco. Não se trata de um genérico. Tem mais coisas que não conhecemos sobre a Cannabis do que conhecemos. Falar que é commodity, sem estudo suficiente, não é adequado. Não existe patente nesta área, o que aumenta o desafio. No medicamento clássico você descobre a molécula e depois desenvolve o remédio.

Mas então como se estabelece a diferença entre os medicamentos de Cannabis?
TVL: A genética é o diferencial. Para ter sempre o mesmo produto o único caminho está na clonagem das plantas. Você pode ter duas plantas com a mesma concentração, mas elas podem ser diferentes, funcionando para doenças distintas.

 

Qual é a sua visão sobre o futuro da Cannabis medicinal no Brasil?
TVL: Há muito o que fazer ainda conforme for aumentando a qualidade do produto e paralelamente melhorando o regulatório. Há todo um preconceito que precisa ser dissolvido. Também é preciso educar o médico como usar a Cannabis. Informá-los sobre as formulações que as empresas têm. Podemos falar da qualidade e da genética. Mas a indicação terapêutica só vai surgir quando houver o registro para aquela terapia. Cada indicação é uma pesquisa clínica.

Qual é a receptividade dos médicos em relação à Cannabis?
TVL: Tenho muita visão farmacêutica. Há 450.000 médicos no Brasil. Cerca de 70.000 especialistas seriam um grupo alvo. Destes apenas 40% se interessariam, ou seja 28.000. Como ainda não existem registros de testes clínicos na Anvisa, apenas 10% experimentariam a Cannabis.

Hoje um medicamento de Cannabis na farmácia custa em torno de R$ 2.000. Não dá para fazer um produto mais acessível?
TVL: Fizemos um cálculo por alto. Você aumenta R$ 1.005 o preço com ICMS e transporte. Isso sem a margem de lucro. Efetivamente, todo mundo vai tentar baratear o custo de fabricação.  Mas o Brasil precisa rever a política de proibição do plantio para viabilizar preços acessíveis.

 

Qual é o projeto da NatuScience?
TVL:
Nosso projeto é importar o extrato e embalar no Brasil. O mundo perfeito seria plantar aqui para fazer a própria genética da Cannabis medicinal que se quer usar. Por enquanto, estamos adequando o laboratório às exigências da Anvisa.

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Cannabis é um bom investimento? https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/07/22/cannabis-e-um-bom-investimento/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/07/22/cannabis-e-um-bom-investimento/#respond Wed, 22 Jul 2020 16:48:25 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/WhatsApp-Image-2020-07-07-at-17.04.50-e1595437427596-300x215.jpeg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1154 O mercado global da Cannabis começou a colher bons frutos este ano, justamente durante a pandemia. As empresas venderam mais e voltaram a crescer. Mas a boa fase ainda não compensou as perdas de 2019. As grandes empresas, como a Canopy e Aurora, continuam enxugando custos para se adequar ao momento, bem diferente do bum de 2016, quando o setor faturou US$ 6 bi ao ano.

Estrategista-chefe da Avenue, corretora de investimentos especializada na bolsa americana, sediada em Miami, William Castro Alves, 36 anos, explica porquê a Cannabis continua um bom negócio –apesar das quedas– e quais os cuidados devem ser tomados ao escolher o investimento. A Avenue é voltada para a clientela da América Latina.

 

O mercado da Cannabis voltou a crescer. Dá para dizer que está em alta?
O mercado sempre exagera para cima e para baixo. As pessoas não olham para os dois lados. Tem de olhar para demanda e a oferta. Imagina o mercado de guarda-sol na praia do Rio de Janeiro. Se tiver muita gente oferecendo, não tem bom negócio. Excesso de oferta empurra o negócio para baixo. Criou-se uma expectativa muito alta em relação à Cannabis. Estamos quebrando alguns dogmas, mas neste último ano sobrou Cannabis no mercado. O resultado ficou abaixo do que se esperava.

Qual foi o erro?
Quando o Canadá liberou a Cannabis, em 2016, falava-se que existia um volume de vendas de 6 bilhões de dólares nos EUA. As projeções futuras foram calculadas em cima deste valor por ano. Isso afetou negativamente todas as empresas. Houve até quem fraudasse os números para ficar dentro da projeção.

Dá para quantificar quanto cresceu e quanto perdeu?
De 2018 para cá houve uma queda de 65% nos valores de ETFs –fundo de valores específicos para Cannabis. As 500 maiores empresas americanas do setor, as mais representativas, subiram 14,5% no mesmo período. É uma discrepância grande. Decepcionaram muito.

Quem investiu desde o início não fez um bom negócio? É isso?
Não foi um bom negócio, mas não quer dizer que não seja um negócio bom. Se analisarmos a Aurora (fundada em 2013), o crescimento da receita foi de 100%. Ela é uma empresa que não existia. Talvez o mercado tenha exagerado e a demanda não seja assim tão alta. As grandes empresas são as mais afetadas e estão reduzindo as operações. Muitos entraram e já quebraram. Os mais capitalizados agora querem sobreviver para passar este momento.

Quais são os desafios?
Tem muitos desafios. A eleição presidencial americana pode ser um baque, caso o Trump seja reeleito, devido ao perfil conservador já conhecido. Mas o governo ganha com este mercado. As empresas de Cannabis (recreacional) pagam impostos bem mais altos, tal qual o cigarro e a bebida. O que é um incentivo. Por outro lado, a aceitação da marijuana vem melhorando. Mais e mais americanos acham que deveria ser regularizada.Tornar este mercado menos obscuro tem muitas vantagens. Abre frentes de trabalho e cria mais para o governo. Graças a Cannabis medicinal, nos EUA haverá uma legalização em nível federal. Não há argumento real para coibir um medicamento com diversos usos, que ajuda em doenças graves. Derrubar os argumentos contrários da sociedade é uma questão de tempo.

Qual o desafio do investidor?
É saber em que empresa investir. Isso é muito difícil. O eBay veio antes que Amazon e veja no que deu. Quem investiu na Canopy necessariamente não vai surfar o eventual bom momento do setor. As métricas financeiras deste setor são muito semelhantes aos demais. Quem investe em um ETF consegue uma cesta de empresas e protege o capital de baques. O setor não depende apenas do desempenho da empresa. Se legalizar amanhã a Cannabis nos EUA, os mais variados perfis de negócios vão surfar na onda.

Para o investidor brasileiro como fica?
Não temos uma indústria para começar  abrir ações na bolsa nacional. A Avenue faz a intermediação e oferecemos cerca de 4 mil ativos para quem quiser investir na bolsa americana, mas a procura pela Cannabis é muito pequena se comparada à tecnologia, por exemplo. Hoje representa 1% da nossa carteira de investidores.

 

 

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Merck explica a atuação nos negócios da Cannabis medicinal no Brasil https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/07/18/merck-explica-a-atuacao-nos-negocios-da-cannabis-medicinal-no-brasil/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/07/18/merck-explica-a-atuacao-nos-negocios-da-cannabis-medicinal-no-brasil/#respond Sat, 18 Jul 2020 10:25:36 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/ruderalis-cannabis-leaf-300x215.jpg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1139 A Merck anunciou oficialmente a parceria com a The Green Hub, aceleradora de Cannabis medicinal no Brasil na última sexta-feira (10), porém economizou nos detalhes do negócio. Sabia-se apenas que a área envolvida é a de Life Science. Nesta quinta-feira (16), a empresa explicou o que pretende: ser uma referência técnico-científica para o setor.

“Temos muita experiência na área de segurança de alimentação e cosméticos, adequada sempre a regulamentação de cada mercado”, diz Fábio Demetrio, head de Research Solution da Merck Brasil. As regulamentações sobre a comercialização destes produtos mudam de acordo com o país. Matéria esta que as indústrias farmacêuticas multinacionais desenvolveram expertise, fundamental para garantir a circulação de produtos independentemente das fronteiras.

“Conhecemos bem os organismos regulatórios. Queremos passar uma educação técnica de como realizar os processos e metodologias de análise de toda a cadeia –da semente ao produto final. Temos muito serviço ligado à melhoraria de cultivo”, diz ele.

Junto com a The Green Hub, a empresa pretende montar documentos técnicos que serão disponibilizados para o público em geral nos portais CEC Learn e o CEC Academy. Se a Merck já dispõe de toda informação por que então a parceria com a aceleradora?

Segundo Demétrio, ela tem o domínio das particularidades deste mercado. “A The Green Hub ajudará a empacotar e tornar as informações acessíveis. A Merck também anuncia uma assessoria técnico-científica mais profunda – como análises de sementes, desenvolvimento genético e de outros processos, por exemplo –para o mercado no Brasil. Há processos que a Merck já disponibiliza no e-commerce da empresa. Abaixo a entrevista com Demétrio.

O senhor pode explicar melhor o que é um conteúdo técnico-científico?
O conhecimento da Merck com relação ao controle de qualidade de produtos à base de Cannabis vem do expertise em metodologias analíticas e melhoramentos biológicos que fazem parte do seu portfólio de Life Science, divisão com mais de 350.000 produtos. O setor oferece serviços e tecnologias que apoiam pesquisadores e fabricantes a tornar a pesquisa e produção biotécnica mais rápida, segura e fácil. Neste caso, isso inclui produtos como CRM (Padrões de Referência Certificados), colunas e solventes para cromatografia (para o controle de impurezas), preparação de amostra, meios de cultura e PCR (Reação em Cadeia e Polimerase, técnica usada para rastreamento e identificação de DNA) para determinação de patógenos (organismos que causam doenças). Ou seja, produtos e serviços que ajudam os clientes a estarem de acordo com os regulamentos de segurança atualmente exigidos pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) para produtos à base de Cannabis, que possuem as suas particularidades quanto à análises e controle de qualidade.

A Merck não desenvolve produtos de Cannabis em outros países. Então de onde vem este conhecimento?
É verdade. Não atuamos no desenvolvimento ou produção de produto de Cannabis no Brasil ou outros países. Um exemplo cabível é o processo de controle de qualidade. No caso do Cannabis medicinal, a Merck pode apoiar a indústria farmacêutica a garantir a produção de medicamentos seguros, dentro de especificações e sem a presença de agentes, que possam ser prejudiciais, como metais pesados e solventes. Os canabinóides são uma classe de compostos psicoativos e não psicoativos, produzidos na flor da planta Cannabis. Nos últimos anos, esses compostos mostraram eficácia terapêutica potencial no tratamento da dor, distúrbios de humor e doenças inflamatórias. É imperativo para os pacientes que seja garantida a pureza e concentração consistentes dos componentes extraídos, em linha com regulamentações aplicáveis.

Consegue dar alguns exemplos práticos cabíveis na produção da Cannabis medicinal?
Um exemplo cabível é o processo de controle de qualidade. No caso do Cannabis medicinal, a Merck pode apoiar a indústria farmacêutica a garantir a produção de medicamentos seguros, dentro de especificações e sem a presença de agentes que possam ser prejudiciais, como metais pesados e solventes. Os canabinóides são uma classe de compostos psicoativos e não psicoativos produzidos na flor da planta cannabis. Nos últimos anos, esses compostos mostraram eficácia terapêutica potencial no tratamento da dor, distúrbios de humor e doenças inflamatórias. É imperativo para os pacientes que seja garantida a pureza e concentração consistentes dos componentes extraídos, em linha com regulamentações aplicáveis.

Por que a Merck acredita que este tipo de assessoria seja importante? 
Acreditamos que a chegada de um novo mercado como este traz a necessidade de capacitação técnica em metodologias analíticas, que garantam a segurança e conformidade dos produtos de Cannabis. No Brasil, já ajudamos diversas empresas a fazerem o desenvolvimento da metodologias analíticas, pois é nossa expertise. O mercado de Cannabis no país ainda está em desenvolvimento e podemos oferecer apoio científico às empresas e laboratórios, que precisam analisar a qualidade destes produtos – de forma rápida e eficiente. É importante ressaltar que tais regulamentos e restrições impostos ao setor também colaboram para garantir o produto final seguro.

 

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“Eu tive zero de efeito colateral durante o tratamento de quimioterapia” https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/01/29/eu-tive-zero-de-efeito-colateral-durante-o-tratamento-de-quimioterapia/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/01/29/eu-tive-zero-de-efeito-colateral-durante-o-tratamento-de-quimioterapia/#respond Wed, 29 Jan 2020 04:26:12 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/01/Marta-Deucher-e1580269832137-300x215.jpg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=703 Muitas vezes as drogas usadas para combater disfunções do organismo desequilibram o corpo todo, levando o paciente a contrair outros distúrbios, difíceis de lidar. Tão difíceis que o doente não sabe o que é pior, a doença ou os efeitos do tratamento. Quando a geóloga paulistana Marta Deucher soube que enfrentaria a quimioterapia para combater um câncer de 3 centímetros na mama, ela ficou desesperada.

“Eu pirei”, diz a geóloga. Insônia, falta de apetite, náuseas, vômito, perda do viço da pele e queda dos cabelos eram alguns dos efeitos colaterais que passavam pela cabeça dela. “Fiquei aterrorizada. A espera pelo tratamento foi o meu maior sofrimento.”

O irmão dela, médico ortomolecular, sugeriu que o tratamento complementar com Cannabis medicinal. “Eu tive zero de efeito colateral. Foi incrível. O CBD não reduziu os sintomas. No meu caso, ele zerou.” Como o efeito da maconha medicinal varia de acordo com o indivíduo, nem todos conseguem resultados tão bons assim.

Os cuidados paralelos com a saúde da geóloga foram além do óleo extraído da maconha medicinal. Ela tomou coquetéis de vitaminas, prescritos pelo irmão, continuou fazendo exercícios e se alimentando com comida fresca e saudável. Ainda tomou vacina para o câncer de mama. Durante um ano de tratamento, conseguiu levar uma vida quase normal – se não fosse a queda de energia e fôlego para atividades rotineiras e exercícios mais pesados.

Na entrevista que concedeu ao Cannabis Inc na sala de visita do apartamento onde mora, ela chegou a dizer que foi uma “boa experiência”. Assista ao vídeo aqui. Deucher vai ajudar a você entender porque os hospitais americanos, relatados no artigo da Time , que comentei nesta segunda (27), investem em centros de saúde integral, onde dão apoio psicológico, ensinam meditação e fornecem terapias chamadas complementares –entre elas o tratamento com o canabidiol.

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