Cannabis Inc. https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br Notícias de saúde e negócios Thu, 25 Nov 2021 16:04:37 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Brasil já tem curso de budtender, nova profissão do mercado da Cannabis https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/09/09/brasil-ja-tem-curso-de-budtender-nova-profissao-do-mercado-da-cannabis/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/09/09/brasil-ja-tem-curso-de-budtender-nova-profissao-do-mercado-da-cannabis/#respond Thu, 09 Sep 2021 22:38:02 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/Luna-Vargas-inflore-300x215.jpg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=2340 “O budtender é uma mistura de farmacêutico com vendedor. O profissional precisa conhecer muito bem os remédios para dar explicações e orientar o cliente na hora da compra.”O mesmo acontece com o universo da Cannabis”, diz a brasileira radicada no Canadá, Luna Vargas, 37, ao explicar a função deste profissional, ainda pouco conhecido, e o curso que oferece.

O consumidor sabe o quanto ajuda ser atendido por alguém bem informado na hora da compra. Na cidade de Toronto, por exemplo, há várias butiques de Cannabis, luxuosas e modernas, que ficam lotadas de canadenses e turistas, de todas as idades. Desde 2001, o país permite a maconha medicinal e, a partir de 2019, o comércio recreativo.

Apesar da curiosidade, despertada por anos de proibição, que lotam as lojas, muitos clientes ficam perdidos diante de tanta variedade da planta e seus derivados. “A grande parte dos brasileiros ainda não tem acesso a uma Cannabis de qualidade”, diz Vargas.

Essa percepção sobre a falta de conhecimento ganhou mais relevância quando Vargas foi trabalhar em um dispensário na British Columbia, no oeste do Canadá, região internacionalmente conhecida pela produção da Cannabis –assim como a Toscana (Itália) é identificada pelos vinhos, e Sevilha (Espanha) pelas laranjas.

Ela se empregou, no Village Bloomery, negócio que surgiu do desejo da proprietária em oferecer CBD às mulheres, que sofriam de cólica menstrual. “Eles têm um diferencial bem grande aqui. Antes da legalização, já faziam parte da cultura canábica local”, explica. “conhecem a fundo a história e a cultura canábica. Sabem o que vendem.” Isso nem sempre acontece no estado canadense de Ontário.

Foi na British Columbia que Vargas montou o primeiro curso de budtenders. “Ele não é um profissional que se limita ao balcão. O lojista também precisa saber selecionar os fornecedores e mercadorias para que os negócios progridam”, diz ela.

No curso da Infloreweb, organizado por Vargas, o aluno aprende a analisar os produtos, o perfil dos terpenos (aromas) de cada um dos canabinoides, o relacionamento entre médico e paciente, noções de mercado, além da parte científica e jurídica. “O budtender faz o link entre a indústria e o consumidor. Trata-se de uma função essencial do mercado”, resume Vargas.

Atualmente, a maioria dos cursos oferecidos no país é voltado para médicos. A Unifesp (Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo), por exemplo, está entre as entidades que criou um curso especial de Cannabis medicinal. O Hospital Oswaldo Cruz tem uma pós graduação latu sensu. Isso sem falar nos cursos de final de semana, montado para ajudar médicos a entender melhor essa ciência. Recentemente, surgiram aulas para advogados.

Diferente das cursos que foram montados até agora, o de budtender apresenta uma nova profissão ao mercado nacional. Esse é apenas um pequeno sinal do quanto a Cannabis pode contribuir para a criação de novos postos de trabalho. A Infloreweb, em breve, montará a quarta turma, mas ainda não há informações sobre o custo.

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Pesquisa aponta que metade dos brasileiros usaria ou indicaria Cannabis medicinal https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/08/25/pesquisa-aponta-que-metade-dos-brasileiros-usaria-ou-indicaria-cannabis-medicinal/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/08/25/pesquisa-aponta-que-metade-dos-brasileiros-usaria-ou-indicaria-cannabis-medicinal/#respond Wed, 25 Aug 2021 22:36:21 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/folha_maconha_divulgacao_policia_federal-300x215.jpeg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=2334 Desde que a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) autorizou o registro de produtos de Cannabis medicinal no Brasil para comercialização, em 2019, empresas de várias partes do mundo passaram a pesquisar o mercado nacional. Entre elas, a multinacional Clever Leaves.

Em parceria como a Toluna Insight, a empresa perguntou a 800 brasileiros se usariam a Cannabis medicinal ou indicariam para alguém se tratar. Metade respondeu que usaria. Três de cada dez pessoas disseram que não sabiam se usariam ou indicariam para alguém.

A outra questão foi se elas sabiam para quais doenças o produto faz efeito. Quase a metade (46,8%) respondeu que ela pode ser usada para espasmos musculares, tremores, convulsões e tiques nervosos. Outra parte (40,94%) disse que a Cannabis medicinal podia ser usada para ansiedade, depressão, insônia e outros produtos e saúde mental.

Houve também um grupo (24,49%) que apontou efetividade para problemas do sono e de humor, (23,53%) dor e inflamação, e (22,81%) formigamento ou dormência muscular. O estudo mostra que o brasileiro está mais informado do que antes. Revela ainda que o preconceito começa a se dissipar conforme os estudos científicos são publicados.

Já existem evidências científicas para dor crônica, náuseas, espasticidades por esclerose múltiplas, epilepsia, ansiedade e para distúrbios do sono. “Acreditamos que a pesquisa científica é a chave para criar novas oportunidades de tratamento e acesso do paciente, permitindo que ingredientes e produtos farmacêuticos legais cruzem fronteiras livremente”, diz o CEO da Clever Leaves, Kyle Detwiler. O Brasil, segundo ele, é um mercado perfeito para a Cannabis medicinal, devido ao forte setor farmacêutico.

Em janeiro, a empresa entrou no país através de parcerias firmadas como a Verdemed, Phytolab Entourage e Greencare para quem vende os insumos para a fabricação dos produtos. No ano passado, a empresa lucrou US$ 12,1 milhões –uma alta de 55% em relação ao ano anterior.

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Deputado federal é vítima de fake news sobre tráfico de drogas https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/07/12/deputado-federal-e-vitima-de-fake-news-sobre-trafico-de-drogas/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/07/12/deputado-federal-e-vitima-de-fake-news-sobre-trafico-de-drogas/#respond Mon, 12 Jul 2021 16:06:30 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/Screen-Shot-2021-07-12-at-12.50.29-e1626105472827-300x215.png https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=2239 No último fim de semana, uma mensagem vinculado a um vídeo antigo tenta envolver o deputado federal Luciano Ducci (PSB-PR) no tráfico de drogas. Trata-se de fake news. Ducci diz que irá denunciar o caso às autoridades competentes.

As imagens são antigas, de 2019. Mostra uma criança de 1 ano e cinco meses fumando um cigarro de maconha ao lado de três jovens usuários–no caso, a mãe e os tios do menor. Na época, o vídeo foi amplamente divulgado e resultou na prisão da genitora, que também perdeu a guarda do filho para o pai.

O vídeo foi resgatado do baú e anexadas a seguinte mensagem. “O PLC 399 recebeu do deputado federal e ex prefeito de Curitiba Luciano Ducci do PSB a Minuta do Substitutivo que absurdamente define o Marco Legal da Maconha no Brasil! Vídeos como o que seguem retratam o caos que se pretende estabelecer a partir desta maléfica proposta que atingirá os mais vulneráveis.”

Luciano Ducci é relator do PL 399-2015, que altera o art. 2º da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, para viabilizar a comercialização de medicamentos, que contenham extratos, substratos ou partes da planta Cannabis sativa na formulação, de autoria do deputado Fabio Mitidieri (PSD-SE).

O PL foi votado pela Comissão Especial da Cannabis Medicinal em 8 junho. A partir daí, o projeto poderia seguir direto para o Senado. Mas no dia 22 do mesmo mês o deputado federal Diego Garcia (Podemos-PR) entrou com recurso, assinado por 129 deputados, para que o texto fosse votado pelo Plenário da Câmara –e não seguisse direto para o Senado. O pedido será avaliado pelos 513 deputados da Casa, quando então será definido o destino do projeto.

“É um verdadeiro absurdo vincular a imagem de uma criança, de uma família usuária de drogas, a um projeto que tem por objetivo justamente resgatar a saúde de milhares de pessoas e famílias. O substitutivo que apresentamos é sobre saúde, não tem nenhuma relação com legalização de drogas”, diz o deputado Ducci. “Compartilhar este vídeo é duplamente criminoso, produzir e compartilhar fake news é crime e ainda expõe inadequadamente a imagem de uma criança. Estamos tomando as providências para que o autor desta mentira seja identificado e punido.”

 

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Associação de pacientes de Cannabis medicinal paraibana volta a funcionar com aval da Justiça https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/03/05/associacao-de-pacientes-de-cannabis-medicinal-paraibana-volta-a-funcionar-com-aval-da-justica/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/03/05/associacao-de-pacientes-de-cannabis-medicinal-paraibana-volta-a-funcionar-com-aval-da-justica/#respond Fri, 05 Mar 2021 21:11:39 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/Cassiano-e-associados-na-campanha-abracenaopodeparar-300x215.jpeg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=2101 Nesta sexta-feira (5) o desembargador federal Cid Marconi, do TRF5 (Tribunal Regional Federal da 5ª Região, de Recife) deu parecer favorável ao funcionamento da Abrace Esperança, associação de pacientes da Cannabis medicinal, com 14.500 associados. Porém, estipulou o prazo de quatro meses para a entidade se adequar às normas da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária).

O novo parecer foi resultado de um acordo realizado entre as duas partes, Anvisa e Abrace, alinhavado na última quinta-feira (4). Nesta data, Marconi e representantes da Polícia Federal, Anvisa, OAB-PB (Ordem dos Advogados do Brasil- seccional Paraíba) e deputados visitaram a entidade com o intuito conciliatório.

“Impressiona a relevância e eficácia dos estratos no tratamento de sintomas e das próprias doenças no tratamento de sintomas e das próprias doenças que afligem severamente associados da autora”, disse o desembargador.  Durante a visita do grupo a sede da Abrace, em João Pessoa, pacientes também compareceram.

Muitos deles têm doenças crônicas como a epilepsia e dependem do óleo medicinal para manterem a qualidade de vida. Durante esta semana, eles foram atuantes nas redes sociais para impedir o fechamento da entidade, decretado pela Justiça na última segunda-feira (1º).

A suspensão do fechamento fica vinculado ao cumprimento do cronograma de adequações estipuladas pela Anvisa e documentado nos termos da sentença da 2ª Vara Federal da Paraíba. Conheça os prazos e as adequações:

15 dias
Providenciar o protocolo de ampliação, que deverá compreender as obras em andamento, que seguirá o trâmite regular junto à Anvisa, com prazos próprios, paralelamente ao projeto de regularização da produção atual de seus produtos. A Justiça se refere a planta do projeto do futuro laboratório industrial da Abrace, que vai funcionar em um galpão localizado em município próximo à capital paraibana. Segundo o fundador da Abrace, Cassiano Teixeira, a obra vai demorar um ano e oito meses em média. “Já temos a planta.  O desembargador achou que não tivéssemos”, diz ele. “Mais difícil que isso será arrumar o dinheiro para a construção, avaliada em R$ 10 milhões.”

30 dias
Apresentar o protocolo do projeto da estrutura atual para a regularização junto à Anvisa. Neste prazo, a visita da Anvisa deve ser agendada para que sejam apontados ajustes necessários – mas para isso todos os protocolos e documentos devem já estar em dia. Seis documentos de cada local possuem cinco áreas de cultivo. O laboratório da Abrace funciona hoje no local onde existe o plantio, que era a antiga casa do fundador da Abrace. “A Anvisa não permite que o laboratório funcione no mesmo endereço do cultivo. Por isso, ele vai passar para o prédio novo”, explica Cassiano.

60 dias
O tempo de realização de todos os ajustes poderá ser dilatado pela agência reguladora, caso ache necessário, ao avaliar as peculiaridades do caso concreto.

 

 

 

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Desembargador visita associação de Cannabis medicinal Abrace e fechamento pode ser revertido nesta sexta-feira https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/03/04/desembargador-visita-associacao-de-cannabis-medicinal-abrace-e-fechamento-pode-ser-revertido-nesta-sexta-feira/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/03/04/desembargador-visita-associacao-de-cannabis-medicinal-abrace-e-fechamento-pode-ser-revertido-nesta-sexta-feira/#respond Fri, 05 Mar 2021 01:18:53 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/linha-farmacêutica-da-Abrace-300x215.jpg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=2089 A Abrace Esperança, associação paraibana de pacientes de Cannabis medicinal, recebeu a visita do desembargador Cid Marconi Gurgel de Souza do TRF5 (Tribunal Regional Federal da 5ª Região, de Recife), na última quarta-feira (3). Também compareceram integrantes do Ministério Púbico, da Polícia Federal, da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil da Paraíba), Defensoria Pública da União e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

O fundador Cassiano Teixeira (de camisa branco no centro) recebe grupo formado para avaliar as pendências apontadas pela Anvisa e uma possível reabertura (Foto: Abrace/ Divulgação)

O funcionamento da entidade foi suspenso temporariamente dois dias antes da visita, em consequência da ação movida pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária). O órgão alega pendências na Abrace, que não foram sanadas, apesar dos avisos emitidos. Não houve um detalhamento dos problemas nem pela agência, nem pelo TRF5.

A decisão causou muito barulho nas redes sociais. Os pacientes gravaram vídeos de apoio à campanha #abracenaopodeparar. Em paralelo, 33 ONGs de Cannabis fundaram a FACT (Federação das Associações de Cannabis Terapêutica). O objetivo foi pressionar coletivamente a decisão da Justiça, que deixaria 14 mil famílias sem atendimento– entre outros desafios que terá pela frente.

Durante a semana, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), presidente da Comissão Especial da Cannabis na Câmara, pediu uma audiência com o desembargador Souza para discutir a questão. O magistrado concordou e marcou a conversa para o mesmo dia e hora da visita do magistrado.

Às 10h, da última quarta-feira, o deputado Teixeira acompanhou a visita pelo Zoom. Há duas instalações da Abrace localizadas em João Pessoa. Uma delas é um prédio novo, administrativo com área para palestras. A outra é uma casa onde funciona o plantio e o laboratório.

O desembargador anotou algumas irregularidades, que não repassou à imprensa. Nesta sexta-feira (5) ele dará seu veredito se mantém ou não a suspensão. Os pacientes estão esperançosos que as partes tenham fechado algum tipo de acordo. Aguardem mais notícias.

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Hospital Alemão Oswaldo Cruz inicia estudo clínico para avaliar a Cannabis no tratamento da dor crônica https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/12/18/hospital-alemao-oswaldo-cruz-inicia-estudo-clinico-para-avaliar-a-cannabis-no-tratamento-da-dor-cronica/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/12/18/hospital-alemao-oswaldo-cruz-inicia-estudo-clinico-para-avaliar-a-cannabis-no-tratamento-da-dor-cronica/#respond Sat, 19 Dec 2020 00:41:06 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/12/Romeu-Fadoul-Hospital-Alemão-Oswaldo-Cruz-1-e1608339450398-300x215.jpeg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1858 Localizado na região central de São Paulo, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz inicia a primeira pesquisa da instituição com Cannabis em janeiro.  O estudo tem o objetivo de verificar a eficácia deste fitorerápico no tratamento da dor crônica refratária (resistente a qualquer medicamento). A iniciativa é do Gapec (Grupo de Apoio e Pesquisa em Canabinoides), coordenado pelo médico Romeu Fadul Júnior, de 52 anos.

A pesquisa envolve 120 pacientes, divididos em dois grupos. Metade vai tomar um óleo sem canabinoides –o chamado placebo –, enquanto os demais recebem óleo com canabinoides, produzido pela empresa Biocase Brasil ,que patrocina a pesquisa.  “A previsão do término da pesquisa é junho”, diz Fadul Júnior.

O Gapec tem apenas um ano e começou no centro de oncologia do hospital. Segundo o coordenador, a ideia é expandi-lo para as outras áreas. Abaixo a entrevista com o médico que fala da importância da pesquisa nesta área.

Como o senhor se interessou pelos canabinoides na medicina?
Romeu Fadul Júnior: Sou cirurgião plástico, mas tive uma experiência familiar que me levou a estudar a medicina canabinoide Minha mãe estava muito obesa e precisou fazer uma cirurgia de joelho. Os médicos encheram-na de opióides. Estes medicamentos geram a diminuição do trânsito gástrico intestinal. Provoca uma grande prisão de ventre. A barriga dela se distendeu. Como ela não conseguia ir ao banheiro, quiseram operá-la. Pesquisei e vi que em Londres e no Canadá, os médicos substituíam os opiódes pelos canabinoides, que não provoca a prisão de ventre e alivia as dores.

O senhor tentou a mesma estratégia?
Romeu Fadul Júnior: Sim. Não queria que ela fosse operada novamente. Comecei a dar óleo de Cannabis medicinal e aos poucos fui aumentando a dose na medida que diminuía os opióides. Ela foi desmamando. Consegui substituir 80% dos opióides e o intestino voltou a funcionar direito. Isso foi em 2011. Três anos depois (em novembro de 2014), ela operou o joelho novamente. Desta vez, começou a tomar os canabinoides antes de operar e diminuímos bastante a necessidade dos opióides.

Imagino que a partir daí seu interesse tenha se multiplicado.
Romeu Fadul Júnior: Foi um processo natural. Logo depois, entrei como associado da Sociedade Médica Inglesa de Medicina Canabinoide. Passeia estudar mais o assunto. No Brasil, houve o movimento das mães, em 2015, e isso foi muito bom. Já havia duas empresas no mercado começando o movimento de importação legal.

Como surgiu o centro de pesquisa canabinoide no Oswaldo Cruz?
Romeu Fadul Júnior: Na verdade, a diretoria de oncologia nos chamou para que pudéssemos formatar juntos um grupo de apoio e pesquisa de canabinoides, devido ao conhecimento que eu acabei adquirindo. Frequentava congressos sobre o assunto e todos sabiam disso.Trouxe para o hospital o modelo da Clínica Mayo, nos EUA, que tem um centro de medicina canabinoide. A ideia era copiar a estrutura. A Clínica Mayo tem um centro mais complexo, separado por especialidade. Esse é o futuro do grupo do Hospital Oswaldo Cruz, crescer e se expandir. Os EUA estão 20 anos na nossa frente. Abrimos o centro canabinoide no fim de setembro de 2019.

Já pensaram na segunda pesquisa que farão?
Romeu Fadul Júnior: Há muitas evidências da Cannabis no controle de náusea e vômito. Esse será a outra pesquisa clínica.

O hospital já usa a Cannabis no tratamento do câncer?
Romeu Fadul Júnior: Acho que se não existe outra alternativa. Devemos associar os canabinoides ao tratamento de câncer como auxílio. Não aprovamos nada inalado ou fumado, porque faz mal. Só usamos o óleo. Nossa intenção é fazer o máximo possível de pesquisa, mas levamos em conta as pesquisas que estão em andamento em outros países. A Clinica Mayo e a Universidade de Nova York estão fazendo pesquisa sobre Câncer e Cannabis. Os EUA e a Inglaterra – que  tem uma agência de vigilância sanitária muito parecida com a nossa – também.

O senhor acha que o centro ajuda a combater o preconceito em relação a maconha medicinal?
Romeu Fadul Júnior: Estamos falando de ciência. é importante as pessoas entenderem que existe um tratamento fitoterápico com evidências importantes. Há muitos estudos internacionais que provam a importância da Cannabis na medicina. Mas o Brasil precisa abrir mais portas para estudos e também para a formação de médicos nesta área. É isso que o Hospital Oswaldo Cruz está fazendo:inovação, pesquisa e educação.

 

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O americano está menos conservador? https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/11/07/o-americano-esta-menos-conservador/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/11/07/o-americano-esta-menos-conservador/#respond Sat, 07 Nov 2020 03:52:52 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/alan-vendrame-300x215.jpeg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1673 Oregon foi o primeiro estado americano que aprovou a descriminalização do uso e da posse de pequenas quantidades de diversas drogas, incluindo a maconha e a cocaína. Cinco estados americanos aprovaram alguma forma de uso da Cannabis (Arizona, Dakota do Sul, Nova Jersey, Montana e Mississipi). Tudo isso, na última terça-feira (3), quando 32 estados foram às urnas votar em plebiscitos sobre vários temas, entre eles, as drogas. Será que os americanos estão menos conservadores?

“Acho que esta interpretação não é correta”, diz Alan Vendrame, coordenador do curso de Direito e Relações Internacionais do Ibemec. “O movimento político e de legalização das drogas estão dissociados. Tanto democratas como republicanos votaram na legalização da Cannabis.” Isso explicaria porque estados conservadores como Mississipi e Dakota do Sul legalizaram pelo menos algum tipo de uso da maconha. Em entrevista, Vendrame explica o que se passa nos EUA.

O que mudou para isso acontecer?
Alan Vendrame: Nos últimos anos, depois que estados importantes como Washington legalizaram a maconha, a população percebeu mais pontos positivos que negativos. Os americanos são muito pragmáticos. O governo arrecada tributos, um novo mercado se estabelece, aumenta a demanda de empregos e ainda há benefícios terapêuticos.

 Mississipi autorizou apenas a Cannabis medicinal. O que isso quer dizer na sua opinião?
A.V.:
Eu entendo que Mississipi ainda tem dúvidas em relação a legalização. Mas não é proibicionista.

O senhor acha que os americanos votaram mais porque tinham que estar lá por causa da eleição presidencial?
A.V.: Não. Na minha opinião aconteceu ao contrário. Houve uma presença maior nas eleições para presidente por causa dos plebiscitos. Os americanos estão mais ligados às questões do cotidiano do que da política. Na Flórida e na Columbia, decidiram o vínculo empregatício de motoristas de aplicativos. Essa foi uma eleição muito sui generis.

Houve também estados que descriminalizaram, mas não legalizaram. O senhor não acha isso confuso?
A.V.: É confuso sim. A descriminalização significa que o uso próprio não é crime. Mas não permite a criação de um comércio. Já a legalização é um passo a mais que a descriminalização.

O senhor ficou surpreso com o fato de alguns estados terem aprovado drogas alucinógenas?
A.V.: Na verdade, não. Como essas drogas não estão ligadas à , violência, abstenção no trabalho, nem violência doméstica, não são consideradas perigosas. Há também estudos científicos usando este tipo de drogas em ambiente terapêutico. Deve ter uma recorrência de pedidos de uso medicinal e por isso foi proposto a população.

 

 

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Plebiscito americano inclui mais cinco estados no mapa da legalização de algum tipo de uso da maconha https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/11/05/plebiscito-americano-inclui-mais-cinco-estados-no-mapa-da-legalizacao-de-algum-tipo-de-uso-da-maconha/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/11/05/plebiscito-americano-inclui-mais-cinco-estados-no-mapa-da-legalizacao-de-algum-tipo-de-uso-da-maconha/#respond Fri, 06 Nov 2020 02:38:15 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/WhatsApp-Image-2020-11-05-at-23.13.49-300x215.jpeg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1651 Além da eleição presidencial, americanos também foram às urnas para votar em 120 plebiscitos  nesta última terça-feira (3). Ao todo, 32 estados fizeram referendos sobre temas que vão da descriminalização das drogas ao aborto.

No que se refere a Cannabis, os americanos optaram por aumentar as regiões que aprovam algum tipo de uso da erva.  Foi o caso dos estados do Arizona, de New Jersey, Dakota do Sul, Montana e Mississipi.

Com exceção do Mississipi, todos aprovaram o uso recreativo, o comércio e a distribuição da Cannabis para maiores de 21 anos. Quando os plebiscitos se transformarem em medidas legislativas– o que leva tempo–, estas regiões, mais o D.C.(Distrito de Columbia), terão descriminalizado a maconha. Isto quer dizer que fumar um baseado, por exemplo, deixa de ser crime passível de punição penal. Em outra palavras: ninguém vai preso porque por usar a droga.

Dakota do Sul decidiu também pelo estabelecimento de programas de Cannabis medicinal no estado. Mississipi optou apenas pelo uso terapêutico. A Cannabis medicinal será legal em 35 estados. Quando os plebiscitos virarem leis, 15 estados, mais D.C., terão descriminalizado a o uso recreativo da Cannabis.

A mudança do posicionamento dos americanos em relação a maconha mudou muito nesta última década. Em 2000, todos os 50 estados americanos proibiam a Cannabis recreacional. O processo de mudança começou em 2012, quando o Colorado e o Washington legalizaram a maconha, provocando liberações em cascatas pelo país ao longo dos anos.

Hoje a maconha é ilegal em apenas 13 estados (que estão em cinza no mapa que ilustra a matéria), 11 aprovam o uso adulto (em verde bandeira),  20,  o medicinal (azul royal), 3 votaram no recreacional (verde claro), 1 votou só pelo uso medicinal (azul água) e 1 estado votou pelos dois usos (em lilás).

“Em uma época em que os EUA está mais dividido do que nunca, há um claro consenso entre os eleitores: eles são a favor da Cannabis, da legalização agora. As pessoas puderam se manifestar do Mississipi a New Jersey. Qualquer um dos candidatos que ganhe a presidência terá de respeitar a vontade do eleitor”, escreveu Steve DeAngelo, um dos maiores empresário da Cannabis, no Linkedin.

“As mudanças não ferem as comunidades, mas as fortalecem. Reduz os crimes violentos, overdoses, tráfico, violência doméstica e o excesso de prisões, produz novos empregos e impostos”, completou.

 

 

 

 

 

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Fundação FHC e Humanitas360 debatem o avanço seguro da maconha medicinal https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/10/22/fundacao-fhc-e-humanitas360-debatem-o-avanco-da-maconha-medicinal-com-seguranca/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/10/22/fundacao-fhc-e-humanitas360-debatem-o-avanco-da-maconha-medicinal-com-seguranca/#respond Thu, 22 Oct 2020 19:00:39 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/webinario-FHC-e1603334787993-300x215.jpg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1594 A discussão foi longa, duas horas, e quente. Quatro especialistas de áreas distintas– saúde, política, direito e ativismo social – foram chamados para debater se é possível avançar no uso da Cannabis medicinal com segurança, nesta última terça-feira (20). O webinário foi organizado pela Fundação FHC (Fernando Henrique Cardoso),  Instituto Humanitas360, presidido por Patricia Villela Marino, e Quebrando o Tabu, de Fernando Grostein.

Participaram do evento, o deputado federal Luciano Ducci (PSB-PR), relator do substitutivo do PL 399-2015, sobre o cultivo e o comércio da Cannabis medicinal e do cânhamo, o advogado especializado na área Emílio Figueiredo, conhecido pelo serviço pro bono comunitário e a favor do cultivo individual, o neurocirurgião Pedro Pierro, um dos mais experientes prescritores brasileiros de canabinoides, e a bancária e mãe de paciente Cidinha Carvalho, fundadora da ONG Cultive, que dá aulas de plantio.

Ao abrir o evento, Marino fez uma breve retrospectiva do quanto o país vem lutando seguidamente pela quebra de preconceitos e tabus. “Nos anos 1980 e 1990, artistas e líderes da sociedade civil como Betinho, Cazuza, Henfil, Zilda Arns e Dráuzio Varella, no Carandiru (filme) foram alguns dos nomes protagonizaram a luta pelo preconceito e ao acesso pelas medicações de HIV”, disse ela.

E seguiu lembrando o pioneirismo do Brasil na criação dos genéricos que popularizou o custo das medicações. Hoje profissionais liberais, familiares de pacientes e legisladores lutam para quebrar paradigmas e dar o direito a todos os brasileiros de se tratarem com a Cannabis medicinal.

Na figura institucional do Humanitas360, Marino abraçou também a luta pela quebra do preconceito em relação à  Cannabis medicinal, entre tantas outras. O debate “O uso medicinal da maconha: é possível avançar em segurança?” foi mediado por mim, Valéria França, e por Sérgio Fausto, da Fundação FHC.

Abaixo, algumas frases dos participantes que foram marcantes. Para quem quer refletir sobre o tema, vale à pena ver o debate. Para isso, clique aqui.

 

Pedro Pierro, neurocirurgião disputado no mercado pelo conhecimento acumulado em Cannabis. Foto: Divulgação.

Pedro Pierro, neurocirurgião

“Ninguém sabe ao certo o que tem dentro dos produtos importados, porque ninguém fiscaliza isso no exterior ou aqui. Se tem pesticida, metais pesados… Com o PL teríamos o controle, a rastreabilidade do produto, e não teríamos a dolarização do remédio.”

“O PL melhora a segurança dos nossos produtos e de nossos pacientes. ”

“Nosso problema é acesso.”

“A Cannabis medicinal é um produto legalizado para quem tem dinheiro. Quem pode arcar com um medicamento que custa R$ 2,5 mil, que pode ser para a vida inteira?”

Cidinha é um dos brasileiros com permissão de cultivo: Cannabis sativa e ruderalis (ao fundo)/
(Foto: Valéria França)

Cidinha Carvalho, mãe de paciente

“Minha filha tem síndrome de Dravet, uma epilepsia severa com risco de morte súbita. Minha batalha começou em 2013, quando eu li sobre a Charlote Figi (que também tinha síndrome de Dravet e deixou de ter convulsões com o canabidiol).  Minha filha tinha tido várias paradas respiratórias. Eu podia perde-la dormindo, a qualquer momento. É desesperador”, disse Carvalho que pensou em comprar maconha de traficante.

Luciano Ducci: relator do PL 399-2015. Foto: Divulgação

Luciano Ducci, relator do PL e pediatra

“O ministro tem que ir atrás dos cultivos ilegais. É muita insensibilidade não divulgar que as muitas pessoas podem melhor a condição de vida de filhos que convulsionam todos os dias, e que possam ter acesso aos medicamento de Cannabis. Não é todo mundo que tem acesso a médicos particulares como o Dr. Pedro Pierro… O ministro da Justiça (André Mendonça) não leu o PL (399-2015)”, disse ao se referir ao documento de repúdio ao PL 399-2015, que Mendonça assinou no fim de setembro.

“O uso medicinal da Cannabis já é autorizado no Brasil. Isso não é nenhuma invenção que estamos fazendo. A Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) autoriza há alguns anos à venda de medicamento à base de Cannabis, que é o caso do Mevatyl, para esclerose múltipla, que custa quase R$ 3mil. O conselho federal de medicinal reconhece, desde 2014, os medicamentos à base de canabidiol. A Anvisa autoriza, desde o ano passado, a fabricação de medicamentos no Brasil com extratos importados. É um absurdo importar insumos e extratos para produzir medicamentos aqui. Construímos um substitutivo ao Projeto de Lei 399 (do deputado Fabio Mitidieri PSD-SE), que possibilita que o Brasil cultive Cannabis psicoativas e não psicoativas com fim medicinal, dentro de normas de segurança. E quem não respeitar as normas vai responder por isso.”

O advogado Emílio Figueiredo que hoje tem uma consultoria: visual antigo, antes da pandemia e sem barba. 
(Foto: divulgação)

Emílio Figueiredo, advogado e ativista

“O PL- 399 vai ajudar muito. Vamos sair do âmbito da proibição… Haverá um caminho legal para se caminhar. Vai diminuir as demandas de massa de judicialização que pede o fornecimento do SUS e também os pedidos  de habeas corpus para o cultivo…O PL está trazendo o direito do uso veterinário, da pesquisa e do uso industrial.”

“Temos que pensar no paciente e no Estado. Me preocupa o valor que o Estado paga pelo fornecimento da Cannabis medicinal, mas com o PL em plena ação até este valor será impactado assim que as empresas colocarem os remédios nas farmácias. Mas se chegarmos daqui a 5 anos com remédios a R$1.600 não vai adiantar para o paciente… Sou a favor do controle de preços…Não pode haver um ganho exacerbado das empresas e farmácias.”

“Por questões ideológicos não faço a judicialização dos pedidos de medicamentos.”

“A Cannabis medicinal não deve ser entregue às grandes empresas de medicamentos. Pessoas como eu e a Cidinha começaram essa luta”, disse o advogado e referindo-se aos riscos que todos eles correram antes dos avanços regulatórios da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) pelo direito ao tratamento.

 

 

 

 

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‘Maioria da Câmara apoia o PL do cultivo da Cannabis medicinal’, diz deputado https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/10/07/maioria-da-camara-apoia-o-pl-do-cultivo-da-cannabis-medicinal-diz-deputado/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/10/07/maioria-da-camara-apoia-o-pl-do-cultivo-da-cannabis-medicinal-diz-deputado/#respond Wed, 07 Oct 2020 03:22:33 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/Paulo-teixeira--e1600897315138-300x215.jpg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1525 O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) anda bem satisfeito com o andamento da política de bastidores. O motivo tem a ver com o PL 399-2015, que regula o comércio e o plantio da Cannabis medicinal e do cânhamo industrial . Apesar de o texto não ter sido votado ainda,Teixeira garante que a maioria da Câmara está a favor do projeto.

Há mais de um ano, o deputado foi indicado  presidente da Comissão Especial da Cannabis medicinal, criada pelo presidente da Câmara Rodrigo Maia. A missão do deputado e da equipe era analisar e pesquisar entre diferentes públicos, como médicos, pesquisadores, paciente e empresas, o caminho para regular e garantir o acesso à terapia da Cannabis, de forma segura, rápida e com custos mais populares.

O grupo chegou a conclusão que só o cultivo nacional poderia abrir caminho para uma produção nacional mais acessível a todos os bolsos. Teixeira garante que se a votação fosse hoje, o projeto seria aprovado.

 

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