Cannabis Inc. https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br Notícias de saúde e negócios Thu, 25 Nov 2021 16:04:37 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Pacientes ganham a terceira marca de CBD aprovada pela Anvisa https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/11/02/pacientes-ganham-a-terceira-marca-de-cbd-aprovada-pela-anvisa/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/11/02/pacientes-ganham-a-terceira-marca-de-cbd-aprovada-pela-anvisa/#respond Tue, 02 Nov 2021 23:01:39 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/Screen-Shot-2021-09-03-at-11.26.52-e1635892220452-300x215.png https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=2474 A farmacêutica Verdemed foi a terceira empresa a conseguir a autorização sanitária da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária). A decisão foi publicada no Diário Oficial da União na última sexta-feira, 29.

A partir disso, ela poderá colocar o CBD (Canabidiol, substância terapêutica sem psicoativos) nas farmácias do país. Até então o único caminho da Verdemed para vender os medicamentos era a importação.

“A Verdemed completou um ciclo de três anos de investimentos com a obtenção da autorização sanitária para o CBD 50 mg/ml, que deve chegar às farmácias no segundo trimestre do ano que vem. Para não haver prejuízo aos médicos e pacientes, manteremos até lá o atendimento pela RDC 335/2020”, diz José Bacellar, fundador e CEO da empresa.

A primeira empresa a conseguir a autorização da Anvisa foi a Prati-Donnaduzi, em abril de 2020. Um ano depois, em maio, foi a vez da Nunature. Três meses depois, a Promediol, empresa suíça com braço no Brasil, estava com o processo encerrado na Anvisa.

Ela esperava apenas a publicação no Diário Oficial da União. A equipe brasileira já comemorava, quando souberam que o processo tomou caminho inesperado e voltou para a revisão. A perspectiva é que a autorização ainda saia esse ano.

Em dois anos, apenas a paranaense Prati colocou produtos nas farmácias. O primeiro foi o CBD 200 mg/ml da Prati sai R$ 2,3 mil. O importado saía, na ocasião, pela metade do preço. Neste ano, em fevereiro, a farmacêutica conseguiu a aprovação de mais duas apresentações de CBD, o de 20 mg/ml (R$280)  e o de 50 mg/ml (R$ 687,50).

 

 

CBD 50 mg/ml da Verdemed: embalagem para importação (Foto: divulgação)

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Pandemia ensina a brasileiros a insegurança que pacientes de Cannabis sofrem com falta de insumos https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/05/02/pandemia-ensina-a-brasileiros-a-inseguranca-que-pacientes-de-cannabis-sofrem-com-falta-de-insumos/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/05/02/pandemia-ensina-a-brasileiros-a-inseguranca-que-pacientes-de-cannabis-sofrem-com-falta-de-insumos/#respond Sun, 02 May 2021 15:29:12 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/WhatsApp-Image-2021-03-31-at-12.57.51-e1619968310655-300x215.jpeg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=2179 A dependência do mercado internacional para comercializar a Cannabis medicinal –seja do medicamento pronto ou do insumo base para produção –causam problemas sérios, que apenas os pacientes entendem de fato. O medicamento importado tem entrega com prazos incertos e o nacional feito com insumo importado custa, em média, R$ 2,3 mil.

A pandemia da Covid-19 abriu uma porta para melhorar a compreensão desta mecânica. Da seguinte maneira: o país tem know-how em vacinação e tecnologia para a produção, mas sempre que a China atrasa a exportação do insumo ou laboratórios de outros países não conseguem disponibilizar as vacinas, o cronograma nacional de imunização atrasa.

Isso retarda o controle do vírus, das infeções, das mortes e o fim da sensação de insegurança. Aqui estamos falando da totalidade dos brasileiros – 212 milhões, que passam por um problema pontual. No caso da Cannabis medicinal, os pacientes possuem doenças crônicas, e mito provavelmente dependerão do tratamento até o final da vida. No ano passado, a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) autorizou a importação de 7.061 pedidos. Estes pedidos são de pessoas que conseguem arcar com os custos. Os que não conseguem entram com pedido de habeas corpus para o plantio e a produção doméstica ou dependem de associações de pacientes.  A maioria convive sempre com a insegurança do acesso ao medicamento, motivada por muitas variáveis.

Por exemplo, quando a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) está sobrecarregada, o desembaraço burocrático dos produtos fica comprometido nos aeroportos. A oscilação da oferta da Cannabis medicinal no mercado externo também é outra variante. Há vezes que a Polícia Federal detém os medicamentos para averiguação, o que também provoca atrasos.

A interrupção do tratamento é mais do que um contratempo. Em abril, Evelyn Cristiana Lopes Dutra dos Santos, 33, ficou esperando pelos medicamentos mais de vinte dias além do prazo de entrega. Ela tem síndrome da pessoa rígida, doença rara e autoimune, que se caracteriza pela rigidez do tronco e das extremidades dos membros e de espasmos musculares dolorosos.

Quando estava cursando Faculdade de História, Lopes, então com 27, foi aposentada por invalidez. Só encontrou alívio dos sintomas com o CBD (canabidiol), tintura, 1.500 mg. Nesta época, teve de escolher, pagar a faculdade ou os medicamentos. Decidiu pelo tratamento à formação acadêmica.

“Tomo de um vidro e meio a dois por mês. Cada um sai, com o frete, US$ 115.  Normalmente, a encomenda chega em 12 dias. Por isso faço o pedido 15 dias antes do CBD acabar”, conta Lopes. A compra da última remessa foi fechada em 8 de março, mas o medicamento chegou apenas na primeira quinzena de abril e ela ficou mais de 20 dias sem medicação.

“Precisei tomar morfina para aliviar as dores. Chamei o SAMU– as dores eram insuportáveis.” Como o CBD nacional custa cerca de quatro vezes mais que o importado, a maior parte dos pacientes prefere trazê-lo de fora do país.

O Brasil tem tecnologia agrícola para produzir o insumo com segurança, o que traria independência na fabricação e constância no abastecimento do mercado. Na Câmara dos Deputados tramita o PL-399-2015, que regula o plantio e o comércio da Cannabis medicinal. O projeto está aberto para ementas e deve entrar para votação por volta do dia 10. Mas tem grande oposição do Governo Bolsonaro e aliados.

A saída encontrada pelo Ministério da Saúde foi estudar a possibilidade do SUS (Sistema Único de Saúde) de incorporar o medicamento da empresa paranaense Pratti-Donaduzzi­­, primeira a conseguir registro da Anvisa, em 2020, cujo CBD isolado custa R$ 2,3 mil. A empresa conseguiu patente sobre a produção do CBD, apesar de o INPE (Instituto de Propriedade Industrial) pedir a nulidade do documento.

Este ano o laboratório americano Nunature conseguiu a segunda aprovação da Anvisa, mas ainda não colocou o produto nas farmácias.

Há duas questões aí, primeiro os doentes também precisam de THC (tetrahidrocanabidiol, componente importante para o alívio da dor, principalmente da advinda do câncer). Segundo, há de se considerar o custo para um sistema já sobrecarregado e que por vezes falha.

Em vez de escolher pela opção mais cara, o Brasil poderia produzir o medicamento, que sairia por menos de um décimo do valor se optasse pelo cultivo do cânhamo. Abriria novas frentes de trabalho e principalmente deixaria os pacientes com o fornecimento regular. Voltando ao analogismo da pandemia, assim como as vacinas foram politizadas pelo Governo Bolsonaro, a Cannabis medicinal vai pelo mesmo caminho.

Resposta da transportadora responsável pelo trânsito do medicamento dos EUA para o Brasil: problema foi na alfândega nacional. (Foto: reprodução da tela do computador)

 

 

 

 

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Pesquisadores brasileiros anunciam estudo do mecanismo de ação da Cannabis nas células nervosas https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/11/23/pesquisadores-brasileiros-anunciam-estudo-do-mecanismo-de-acao-da-cannabis-nas-celulas-nervosas/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/11/23/pesquisadores-brasileiros-anunciam-estudo-do-mecanismo-de-acao-da-cannabis-nas-celulas-nervosas/#respond Mon, 23 Nov 2020 20:40:32 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/entourage-phytolab-Rodrigo-BragaDivulgação-300x215.jpeg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1729 Cannabis medicinal tem efeito positivo em doenças graves, de difícil tratamento e ligadas a uma disfunção nervosa, como o Parkinson, o Alzheimer e a Epilepsia. Nos consultórios, multiplicam-se as notícias de casos bem-sucedidos ao redor do mundo. No Brasil, na última segunda-feira (16), o Cannabis Inc. publicou a história de um agricultor paranaense, com Alzheimer, que se submeteu à terapia ainda experimental com THC e deixou de ter “brancos” na memória em dois meses.

Apesar de os médicos saberem da eficiência, a explicação da ação dessas substâncias derivadas da Cannabis ainda é vaga. O Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino e o laboratório de Cannabis medicinal Entourage Phytolab anunciaram que, em 2021,  começam a desvendar o mecanismo dos diferentes compostos canabinoides no sistema nervoso.

O procedimento não é invasivo. Células epiteliais serão recolhidas a partir da urina dos voluntários. No laboratório, os cientistas as transformarão em células troncos pluripotentes, ou seja, com capacidade de virar a estrutura para qualquer parte do organismo. Neste caso, em tecidos neurais. Vale lembrar que cada célula possui o material genético do doador.  Isso possibilita o estudo aprofundado da ação das substâncias canabinoides e a avaliação positiva e negativa em cada caso.

“O principal objetivo é compreender melhor os diferentes potenciais dessas substâncias e de suas diversas combinações. A partir desses primeiros resultados, poderemos selecionar os melhores caminhos de desenvolvimento terapêutico, que no futuro deverão evoluir para ensaios clínicos com nossos próprios medicamentos fitoterápicos”, diz Caio Abreu, fundador e CEO da Entourage Phytolab, que atua em pesquisas há 5 anos.

“Nosso primeiro medicamento chega ao mercado em 2021 e será usado no tratamento de epilepsia. A parceria com o Instituto D’Or vai ajudar no desenvolvimento de outros medicamentos, voltados para condições como dores e doenças inflamatórias crônicas.”

 

 

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Mara Gabrilli pede que ministro da Justiça se desculpe ‘por veicular fake news’ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/09/30/mara-gabrilli-pede-que-ministro-da-justica-se-desculpe-por-veicular-fake-news/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/09/30/mara-gabrilli-pede-que-ministro-da-justica-se-desculpe-por-veicular-fake-news/#respond Thu, 01 Oct 2020 00:20:01 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/Mara-Gabrilli-atual--e1601512265368-300x215.jpeg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1510 Foram três meses esperando por um sinal da senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), que havia me prometido uma entrevista exclusiva sobre o PL 399-2015, que legaliza o cultivo e o comércio da Cannabis medicinal e do cânhamo industrial. Eu sabia que ela estava em um processo de recuperação das sequelas da Covid-19. A cada quinze dias, ligava para saber como estava. O jeito era esperar mesmo.

Nesta quarta-feira (30), ela me telefonou. A voz forte e inconfundível da senadora do outro lado do celular não deixava dúvidas do motivo da ligação. “Vou começar dizendo que me recuperei com a ajuda da Cannabis medicinal. Eu tinha tantas contrações que elas pareciam um bicho andando dentro de mim. Até durante o sono eu tinha contrações fortes derivadas das dores que caminhavam pelo meu corpo.”

Ela continuou, sem pausa, e com muito fôlego: “A Covid-19 me fez viver um ciclo debilitante. Como sequela, tive fortes dores e espasmos. Para sanar essas dores, fiz tratamento com óleo de CBD (canabidiol) e o Mevatyl (remédio com THC, tetrahidrocanabidiol, e CBD, que custa cerca de R$ 2.500). Não é justo que apenas quem tem dinheiro consiga o acesso a um tratamento capaz de aliviar dores e atenuar sintomas emocionais– como a ansiedade, que nunca foi tão presente na população quanto nesta pandemia.

Foi depois deste prólogo, que Gabrilli disse o real motivo do contato: a indignação com a nota de repúdio contra o PL 399-2015, assinada pelo ministro da Justiça André Mendonça e o Conselho Nacional de Política Sobre Drogas. “Isso foi um tapa na cara. Como assim? Uma moção de repúdio vindo do Governo. É um tapa na minha cara. É um tapa na cara de todos os pacientes, principalmente daqueles que não têm dinheiro para custear um remédio importado”, foi assim, quase como um desabafo, que a senadora começou a elencar todos os motivos para sua indignação.

“O ministro não usa a expressão paciente. Ele não pensa na farmácia distribuindo medicamento, mas em boca de fumo. O pensamento dele é perverso. Ninguém está falando disso, muito menos o PL.  Na minha cara ele pode dar muitos tapas, mas não na cara do brasileiro pobre que está sentindo dor. Ele mostra desinformação. O ministro está veiculando informações falsas, fake news. Ele diz que os estudos com Cannabis são pífios. Mendonça está sendo injusto. Justo ele que é ministro da Justiça. Mendonça deveria pedir desculpas por essa atitude aos pacientes.”

Abaixo, os principais pontos e contrapontos levantados pela senadora sobre a moção do ministro e o documento do senador Eduardo Girão (e mais 28 senadores) que pedem a distribuição pelo SUS apenas do CBD puro.

  • A pandemia mostrou a necessidade de investirmos em ciência e saúde. E hoje a Cannabis medicinal é uma pauta de Saúde Pública.
  • Na última sexta-feira (18) o senador Eduardo Girão (e mais 28 senadores) publicou um Manifesto ao Ministro da Saúde sugerindo inclusão de remédios à base de CBD (somente) no SUS. No entanto, coloca essa inclusão como “alternativa ao enorme risco da permissão do plantio e o cultivo da Cannabis no território brasileiro”
  • O manifesto do senador também é inverídico, pois defende que o SUS (Sistema Único de Saúde) forneça medicamento exclusivamente de CBD, que não existe. “Até mesmo o Puridiol tem 5% de outros componentes porque não é possível isolar somente a molécula de CBD. O documento não tem base científica e não considera os estudos publicados pelo mundo. Além disso, exclui muitos pacientes que precisam da Cannabis medicinal, que é o conjunto de canabinoides interagindo.
  • Gabrilli se mobilizou para um contraponto ao manifesto sobretudo quanto à formação de que somente o CBD tem ação terapêutica. “Eu tomei puridiol e fez mal para mim”, disse.
  • O Brasil está liderando um estudo sobre o uso da Cannabis medicinal nos transtornos de humor. Com o título “Impacto do óleo integral de Cannabis na saúde mental de profissionais da linha de frente no combate a COVID-19”, a pesquisa vai recrutar 300 voluntários de todo o país entre médicos e enfermeiros.
  • Um óleo de Cannabis rico em CBD pode beneficiar pessoas com epilepsia refratária e convulsões, mas quem tem esclerose múltipla, tipos raros de câncer, dores neuropáticas ou espasmos como ela, talvez se beneficiem mais com um óleo rico em THC.
  • O CBD age bem para quem tem epilepsia e convulsões, mas quem tem esclerose múltipla, tipos raros de câncer, dores neuropáticas ou espasmos como ela, não se beneficiariam. Nestes casos o THC tem um efeito mais promissor.
  • Ela aponta a incoerência desse grupo querer que o SUS importe medicamentos com um custo mais elevado e ser contra o plantio e cultivo da Cannabis para fins medicinais em nosso país– o que baratearia muito o custo do SUS.  “Especialistas estimam em uma redução de pelo menos 50% do custo.”
  • O SUS ainda vai seguir pagando muito mais caro que os americanos, israelenses, alemães, canadenses…. são cerca de 20 países que já regularam o cultivo e a produção em seus países para facilitar o acesso da população aos tratamentos.
  • Em alguns estados americanos, lojas de Cannabis puderam permanecer abertas durante a quarentena, exatamente como os supermercados e as padarias. Estamos falando de estabelecimentos legais, não de boca de fumo.
  • O Líbano, por exemplo, fez como a Flórida e a Colômbia, e aprovou o cultivo de maconha para fins medicinais e industriais com o objetivo de salvar a economia. Além de impedir o tratamento dos mais carentes economicamente, o Brasil perde a oportunidade de ser alavancado por uma nova economia, a da Cannabis medicinal.
  • O PL 399 não atende a todos os anseios (como plantio individual), mas a discussão foi feita ouvindo vários segmentos que defendem o uso medicinal. Gabrilli lembra que este é um avanço importante.  “Israel modificou a lei 16 vezes. Queremos promover as discussões e adequar à realidade brasileira, sempre visando promover a saúde de todos.”
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Setor calcula redução de 1/3 no preço do medicamento com cultivo da Cannabis https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/09/04/setor-calcula-reducao-de-13-no-preco-do-medicamento-com-cultivo-da-cannabis/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/09/04/setor-calcula-reducao-de-13-no-preco-do-medicamento-com-cultivo-da-cannabis/#respond Sat, 05 Sep 2020 01:53:07 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/03/WhatsApp-Image-2020-03-16-at-23.22.13-e1599267889685-300x215.jpeg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1327 As empresas de Cannabis medicinal já começaram a calcular os custos, caso o Brasil regule o cultivo da Cannabis medicinal. Em agosto, o texto substitutivo do PL 399-2015 foi apresentado na Câmara dos Deputados. Ele regula o plantio da Cannabis medicinal e do cânhamo industrial.

O setor é unânime em dizer que haveria uma queda significativa do custo do tratamento. Segundo Cristiana Prestes, CEO e fundadora da HempCare, o paciente pagaria 1/3 do preço atual.

Uma empresa com medicamento importado registrado no Brasil paga o extrato da substância isolada da Cannabis (como o THC e o CBD) entre US$ 70 a US$ 80, de acordo com a New Frontier Data. A matéria-prima faz parte do custo de produção, que no total corresponde a 19,75% do preço do produto vendido. Entram no cálculo 13,75% referente aos impostos, 15%, ao armazenamento, 10%, à distribuição, 40%, à margem das farmácias e 1,5%, ao lucro do produtor.

De acordo com a empresária a produção no exterior sai muito mais alta devido ao câmbio do dólar. “O imposto da importação também pesa”, diz ela. Abaixo a entrevista da empresária:

 

Dá para calcular quanto o preço do medicamento final cairia para o consumidor, caso o cultivo seja aprovado?
Cristiana Prestes: 
Sim, acho que todos da indústria já fizeram este cálculo. O custo para o consumidor final reduziria para 1/3, dependendo da margem do fabricante. Facilitaria bastante o acesso. Hoje você não consegue colocar no mercado um medicamento registrado no Brasil por menos de R$ 1,5 mil. O preço é composto pelo custo da matéria-prima, do distribuidor nacional, dos impostos e da margem de lucro das farmácias. O próprio SUS (Sistema Único de Saúde) poderia tabelar o preço. O cultivo permite que o Brasil produza remédios com preços acessíveis, tanto para os consumidores finais como para o SUS (Serviço Único de Saúde).

Quando se analisa o cálculo da composição do preço do medicamento, o que parece pesar muito é a margem das farmácias. Não dá para mudar isso?
Cristiana Prestes: Poderia mudar se o governo abrisse dispensários (armazéns de venda específica de Cannabis medicinal) controlados pelo governo como no exterior. Eles não cobram margem e também eliminam as taxas da distribuição.

No cultivo, qual é o tempo que um investidor demora para ter o retorno do capital?
Cristiana Prestes: Cerca de dois anos. Mas se o SUS for comprar e os fabricantes também, você planta a quantidade certa de venda por ano.

Qual o investimento de uma plantação de Cannabis?
Cristiana Prestes: Um cultivo em estufa ,de 10 mil m2, custa R$ 10 milhões .

Muitas pessoas reclamam que o PL 399-2015 não regula o autocultivo. Como você avalia isso?
Cristiana Prestes: Eu sou contra o autocultivo doméstico. Acho que viraria uma bagunça. Mas o governo poderia vender a grama in natura de forma regulada. Neste caso, o paciente seria autorizado a comprar apenas a quantidade prescrita na receita médica, como acontece hoje na Flórida. Sei que isso seria o começo para a abertura de um possível uso recreativo. Mas é uma forma de sair do mercado paralelo e atender todo mundo. Quem quer fazer o próprio medicamento compra o produto in natura.

 

 

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Entenda o PL que propõe o cultivo da Cannabis medicinal e do cânhamo https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/08/21/entenda-o-pl-que-propoe-o-cultivo-da-cannabis-medicinal-e-do-canhamo/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/08/21/entenda-o-pl-que-propoe-o-cultivo-da-cannabis-medicinal-e-do-canhamo/#respond Fri, 21 Aug 2020 10:59:13 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/Luciano-Ducci-e-Paulo-Teixeira-e1635781584474-300x215.jpeg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1233 Uma proposta importante para os pacientes que usam Cannabis medicinal foi apresentada nesta terça-feira (18) ao presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia. Trata-se do texto substitutivo do PL 399-2015, analisado e redigido pela Comissão Especial para o comércio medicinal e industrial da planta. Abaixo estão destacados os principais pontos, que apontam quem pode produzir e fornecer os medicamentos feitos com substâncias da planta, as regras do cultivo e do comércio.

Originalmente o PL foi redigido pelo deputado federal Fábio Mitidieri (PSD-SE), mas, em outubro do ano passado, Maia constituiu um grupo para analisar com maior profundidade a questão. Sabe-se que tudo que se refere a Cannabis é polêmico, mas a essa altura já era de conhecimento público a necessidade de muitos brasileiros, que só encontraram uma melhor condição de saúde com o tratamento de produtos feitos de substâncias da planta – caso do THC (tetrahidrocanabidiol) e o CBD (canabidiol).

Para a presidência do grupo foi indicado o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que desde 2014 acompanha a luta das mães com filhos vítimas de doenças raras, que são refratários aos tratamentos clássicos. A relatoria do texto substitutivo ficou por conta do deputado Luciano Ducci (PDS-PR), que é médico, foi secretário municipal da saúde e prefeito de Curitiba.

O texto também regula o cultivo do cânhamo industrial. ou seja, do uso da Cannabis sem as substâncias psicoativas (THC). A planta é usada, por exemplo, para a produção de tecido, que é uma fibra parecida ao algodão, porém, mais resistentes. Em muitos países, ele já é utilizado pela indústria têxtil.  Nos EUA, a All Star produz um modelo de tênis que leva cânhamo. Há também outros fins industriais, como o da construção, caso da fabricação de tijolos, e a da celulose, entre outros. Vale ressaltar que o texto não regula o cultivo individual, nem legaliza a droga no país. Apenas abre a possibilidade de duas novas economias, além de aumentar o acesso ao medicamento à base da planta. “O projeto irá criar uma nova indústria farmacêutica forte de Cannabis medicinal e de cânhamo”, diz Teixeira.

Entenda o texto substitutivo da Cannabis (399/2015)

 Objetivo:

Regulamentar as atividades de cultivo, processamento, armazenagem, transporte, pesquisa, produção, industrialização, comercialização, exportação e importação de produtos à base de Cannabis para fim medicinal e industrial. O projeto não trata de autocultivo, nem do uso recreativo, religioso e ritualístico.

Cannabis medicinal e cânhamo

Plantas para fins medicinais são destinadas aos produtos derivados de Cannabis, fabricados exclusivamente pelas empresas farmacêuticas, conforme a RDC 327/2019 da Anvisa. Abre uma exceção para as farmácias de manipulação, que podem usar o extrato da Cannabis na composição de remédios e produtos.

A produção de Cannabis não psicoativa, com menos de 0,3% THC (tetrahidrocanabidiol), é tratada na lei como cânhamo e prevê o uso industrial.

Quem pode cultivar

  • Pessoa jurídica mediante a prévia autorização do poder publico. Não é possível plantar por conta própria.
  • Governo através das Farmácias Vivas do SUS, que está prevista na RDC 18/2013.
  • Associações de Pacientes legalmente constituídas (no entanto, é obrigatória a adaptação às boas práticas das Farmácias Vivas do SUS, que possuem regras mais simples que a da indústria. As associações terão 2 anos para se adaptar.

 

Obrigações:

O produtor de Cannabis Medicinal é obrigado a solicitar uma cota cultivo ao poder público, que atenda demanda pré-contratada ou com finalidade pré-determinada, que devem constar no requerimento de autorização do cultivo. A empresa deve fornecer o número de plantas a serem cultivadas, detalhando quantas são psicoativas e quantas não são.

  • O produtor de cânhamo é obrigado a fornecer a área de plantio e só pode produzir plantas não psicoativas.
  • O cultivo de Cannabis deve seguir a lei brasileira de sementes, nº 10.711/200.
  • Rastreabilidade de toda a produção, da semente ao descarte.
  • Apresentar plano de segurança de cultivo e do local de produção.
  • Ter responsável técnico legal –engenheiro agrônomo para o cultivo; e engenheiro industrial, químico ou de produção para a planta de extração.
  • Cannabis Medicinal é obrigatoriamente cultivado em estufas (chamadas de casa de vegetação no projeto) e protegido com dispositivos de segurança (vídeo-monitoramento interno e externo, muros, cercas elétricas e alarmes, entre outros)
  • O projeto prevê o plantio extensivo, ou seja, aberto para o cânhamo

 

 

Finalidade do cultivo de Cannabis Medicinal:

  • Produtos regulamentados pela RDC 327/2019 da Anvisa
  • Produtos Veterinários

Finalidade do cultivo do cânhamo industrial:

  • Industrial: têxtil, produtos de construção, cosméticos e outros.

 

Condições da Cannabis Medicinal:

  • Plantas de Cannabis com mais de 1% de THC são consideradas psicoativas
  • Plantas de Cannabis com menos de 1% de THC são consideradas não-psicoativas
  • Para fins de uso veterinário só é permitido o uso da Cannabis não psicoativa.
  • Os medicamentos à base de Cannabis de uso humano é considerado psicoativo, se tiver mais de 0,3% de THC.
  • O medicamento com teor de THC abaixo de 0,3% é não-psicoativo.
  • O medicamento veterinário tem de ter menos de 0,3% de THC.

 

  • Prescritos por profissionais autorizados e receituário de acordo com a RDC 327/19 da Anvisa.
  • Os medicamentos à base de Cannabis para uso humano são regulados e autorizados pela Anvisa e para uso veterinário, pelo Ministério da Agricultura.
  • Os requisitos, para concessão das cotas, são estabelecidos pelo poder público. Os requisitos que trata esta lei não isenta o atendimento específico de regulamentação exigidas pelo poder público mediante a regulamento. Por exemplo, a Anvisa diz hoje que canabidiol (CBD) tem de ter receita azul, mas isso o governo pode mudar.
  • As Farmácias Vivas do SUS devem seguir todas as obrigações deste projeto de lei.
  • Farmácias magistrais podem manipular com autorização especial da Anvisa.
  • As associações de pacientes ficam autorizadas a produzir produtos magistrais ou fitoterápicos, após a adequação às normas desta Lei.

 

Sobre pesquisa: segue a mesma lei do cultivo para Cannabis e em relação a pesquisa propriamente dita obedece à RDC já existente de pesquisa.

Armazenamento: vídeo-monitorado e alvenaria fechada e com todas as condições que a própria indústria necessita.

Transporte: controlado e seguro

Exportação e importação: de pessoa jurídica para pessoa jurídica. A exportação será para fins medicinais e industriais. Todas as partes das plantas podem ser exportadas, inclusive as flores– como já acontece em outros países como Canadá e Uruguai.

Condições da exportação: ela pode ser exportada, por exemplo, nas mesmas condições que a soja, mas o governo terá que regulamentar previamente o processo.

SUS: pode incorporar e distribuir os medicamentos de Cannabis Medicinal à população

 

 

 

O que muda no projeto para o Cânhamo industrial

 

  • A finalidade não é medicinal e, sim, industrial

A lei vai autorizar a produção e a comercializações com base nas legislações infra-legais correspondentes aos respectivos controles sanitários, de segurança de registro e regulatório. A produção de cosméticos, por exemplo, tem de seguir a regulação dos demais produtos que não possuem cânhamo.

  • Só pode ser usado pela indústria alimentícia se tiver 0% de THC.
  • Para outros fins industriais, o produto deve apresentar sempre teor menor de 0,3% de THC.
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Pai da Cannabis explica a medicação revolucionária que desenvolveu https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/08/07/pai-da-cannabis-explica-a-medicacao-revolucionaria-que-desenvolveu/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/08/07/pai-da-cannabis-explica-a-medicacao-revolucionaria-que-desenvolveu/#respond Fri, 07 Aug 2020 19:54:16 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/mechoulam-reproduçnao-youtube-e1596831852340-300x215.jpg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1206 Na década de 1960, ele descobriu o sistema endocanabinoide – um conjunto específico de receptores do corpo humano, que decodificam informações para a ação farmacológica da Cannabis. Foi assim que o búlgaro, filho de judeus, Raphael Mechoulam, 89, virou referência mundial.

Em julho deste ano, ele anunciou ao mundo outra descoberta, um novo composto elaborado a partir de substâncias da planta– o EPM 301 (éster metílico do ácido canabidiolico). O composto suprime a ansiedade e o vômito.

Esta semana, ele explicou para uma platéia de brasileiros porque a descoberta dele é mais uma vez revolucionária. “O composto será um grande diferencial no tratamento de pacientes com câncer em quimioterapia, de doentes com inflamação no intestino e com psoríase (uma dermatite que descama e causa manchas avermelhadas na pele)”, disse Mechoulam.

Na última terça-feira (4), o pesquisador foi a atração internacional do CNABIS (Congresso Digital de Cannabis Medicinal), evento gratuito e aberto ao público organizado pela plataforma Dr. Cannabis. Mechoulam explicou que venceu o desafio de estabilizar componentes da planta para serem produzidos em larga escala.

Batizado de EPM 301 (éster metílico do ácido canabidiolitico), o medicamento é um composto de canabiolíticos, substâncias que existem na planta antes de os canabinoides serem produzidos pela mesma. Uma espécie de pré-canabinoides mais potentes que os famosos THC (tetrahidrocanabidiol, que dá o barato) e CBD  (canabidiol).

EPM também é nome da empresa americana global de biotecnologia que patenteou o composto 301. As patentes são fundamentais para indústria farmacêutica ver o dinheiro investido nas pesquisas retornarem aos cofres da empresa e ainda lucrar. Isso explica, em parte, a demora para as grandes do setor entrarem no negócio da Cannabis. “Gerações mais novas poderão colher os benefícios”, disse Mechoulam durante o CNABIS.

Mechoulam migrou, em 1949,  para Israel, onde estudou Química Orgânica. Atualmente é professor e pesquisador da Universidade Hebraica de Jerusalém. Apesar de ter quase nove décadas de vida, tem a energia de um garoto. “A Cannabis medicinal não está sendo usado na clínica como deveria”, costuma dizer nas entrevistas que dá pelo mundo para impulsionar os benefícios médicos da planta.

Mechoulam conhece bem o Brasil e os EUA, países que já colaborou cientificamente. “Há 40 anos, desenvolvi uma pesquisa com Elisaldo Carlini”, disse durante o evento. Ele se refere ao professor emérito da Universidade Federal de São Paulo e diretor do Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas Psicotrópicas, que hoje está com 91 anos. Na época, os dois procuravam desvendar os efeitos da Cannabis na epilepsia, porém não conseguiram avançar muito.

“Mais tarde, surgiram as comprovações de que de fato reduz a quase zero as crises convulsivas”, disse Mechoulam, que em 2018 viu o FDA aprovar o Epidiolex, fabricado pela inglesa GW Pharmaceutical. Era o primeiro remédio à base de Cannabis para casos raros de epilepsia infantil.

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Para NatuScience, THC pode ser visto como droga, mas é medicamento https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/07/30/para-natuscience-thc-pode-ser-visto-como-droga-mas-e-medicamento/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/07/30/para-natuscience-thc-pode-ser-visto-como-droga-mas-e-medicamento/#respond Thu, 30 Jul 2020 13:47:59 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/ruderalis-cannabis-leaf-300x215.jpg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1173 Para saber sobre o panorama desafiador da Cannabis medicinal no Brasil, entrevistei Theo Van der Loo, fundador da NatuScience, criada para pesquisar novos medicamentos para doenças como epilepsia, esclerose múltipla e autismo.

No Brasil, o executivo esteve durante 30 anos à frente da Bayer, uma das maiores farmacêuticas do mundo. O setor da Cannabis medicinal segue aqui quase as mesmas regras que a Anvisa exige para o registro de um medicamento alopático. A NatuScience surgiu um ano e meio depois de Van de Loo ter saído da Bayer.

São muitos os desafios dos empresários da Cannabis no Brasil. Para começar, a regulação do setor é nova – aprovada em dezembro­– e muito técnica para quem não entende de fármacos. Some isso ao preconceito em relação ao tema.

Há ainda a crise econômica atual provocada pela pandemia da Covid-19, que refreou os investimentos em todo o mundo. Vale lembrar que a maioria das empresas nacionais ainda se encaixa na categoria startups. Isso quer dizer que estão em ritmo de captação de investimentos.

Na entrevista abaixo Van der Loo discorre sobre o preconceito ao THC, substância importante para muitos tratamentos, e a necessidade da aprovação de uma lei de cultivo para viabilizar um preço final mais acessível aos pacientes.

 

Qual é o maior desafio de um empresário da Cannabis atualmente no Brasil?
TVL: O grande desafio é conseguir trazer o THC acima de 0,3%. É muito difícil conseguir um fornecedor para importar. Não é uma questão de regulatório da Anvisa, mas de polícia. Há um preconceito muito grande em relação ao THC. Ele pode ser visto como uma droga, mas é um medicamento. Alguns medicamentos só vão funcionar se você tiver uma dose maior de THC.Ele é necessário para o tratamento de doenças.

 

É tão importante assim?
TVL: Sim, por causa do dose-resposta em forma de sino, quando você tem de aplicar uma dose maior de THC para conseguir o benefício da substância. Você tem de achar o limite bom de cada paciente (o que varia conforme o indivíduo). A dose atual que vem sendo dada é muito baixa. Teria de ser 0,7%, pelo que venho pesquisando.

 

Muitas pessoas encaram a Cannabis como uma commodity. O que o senhor acha disso?
TVL: Chamar de commodity é banalizar um pouco. Não se trata de um genérico. Tem mais coisas que não conhecemos sobre a Cannabis do que conhecemos. Falar que é commodity, sem estudo suficiente, não é adequado. Não existe patente nesta área, o que aumenta o desafio. No medicamento clássico você descobre a molécula e depois desenvolve o remédio.

Mas então como se estabelece a diferença entre os medicamentos de Cannabis?
TVL: A genética é o diferencial. Para ter sempre o mesmo produto o único caminho está na clonagem das plantas. Você pode ter duas plantas com a mesma concentração, mas elas podem ser diferentes, funcionando para doenças distintas.

 

Qual é a sua visão sobre o futuro da Cannabis medicinal no Brasil?
TVL: Há muito o que fazer ainda conforme for aumentando a qualidade do produto e paralelamente melhorando o regulatório. Há todo um preconceito que precisa ser dissolvido. Também é preciso educar o médico como usar a Cannabis. Informá-los sobre as formulações que as empresas têm. Podemos falar da qualidade e da genética. Mas a indicação terapêutica só vai surgir quando houver o registro para aquela terapia. Cada indicação é uma pesquisa clínica.

Qual é a receptividade dos médicos em relação à Cannabis?
TVL: Tenho muita visão farmacêutica. Há 450.000 médicos no Brasil. Cerca de 70.000 especialistas seriam um grupo alvo. Destes apenas 40% se interessariam, ou seja 28.000. Como ainda não existem registros de testes clínicos na Anvisa, apenas 10% experimentariam a Cannabis.

Hoje um medicamento de Cannabis na farmácia custa em torno de R$ 2.000. Não dá para fazer um produto mais acessível?
TVL: Fizemos um cálculo por alto. Você aumenta R$ 1.005 o preço com ICMS e transporte. Isso sem a margem de lucro. Efetivamente, todo mundo vai tentar baratear o custo de fabricação.  Mas o Brasil precisa rever a política de proibição do plantio para viabilizar preços acessíveis.

 

Qual é o projeto da NatuScience?
TVL:
Nosso projeto é importar o extrato e embalar no Brasil. O mundo perfeito seria plantar aqui para fazer a própria genética da Cannabis medicinal que se quer usar. Por enquanto, estamos adequando o laboratório às exigências da Anvisa.

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Canabidiol será testado em médicos do front na guerra contra o Covid-19 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/04/01/canabidiol-sera-testado-em-medicos-do-front-na-guerra-contra-o-covid-19/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/04/01/canabidiol-sera-testado-em-medicos-do-front-na-guerra-contra-o-covid-19/#respond Wed, 01 Apr 2020 23:06:59 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/WhatsApp-Image-2020-04-01-at-19.56.44.jpeg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=923 Referência nacional no atendimento de pacientes que necessitam de medicamentos à base de Cannabis, o paraibano Cassiano Teixeira, 46, resolveu entrar na briga contra o coronavírus. Em parceira com o neurocirurgião Pedro Pierro, 46, antigo prescritor de remédios à base de Cannabis, ele vai dar óleo com 2% de canabidiol aos médicos que estão na linha de frente nos hospitais.  O objetivo é ajudar no aumento da imunidade dos profissionais e ao mesmo tempo testar a eficiência da substância nestes casos.

“Vamos fazer uma pesquisa de campo, mas ainda não delimitamos o número de participantes”, diz Teixeira. Ele é o fundador da Abrace Esperança, a única associação de pacientes que conseguiu autorização da Justiça para o cultivo em território nacional. Atualmente, atende 4.260 pacientes. Envia mensalmente pelo correio 1500 frascos para todo o país.

“Esta história começou na semana passada com um telefonema”, diz Pierro. “Estávamos preocupados com a situação, achando que poderíamos colaborar mais, estão tivemos a ideia da pesquisa com os médicos.” Pierro explica que estes profissionais terão maior facilidade de dar retornos clínicos mais exatos do que pacientes, durante o monitoramento. Abaixo a entrevista com Teixeira:

 

Como surgiu a ideia da pesquisa?
CT: Recebi um vídeo de um médico com Covid-19 sendo entubado no Rio Grande do Sul. Depois um amigo, que também é médico, me ligou dizendo que foi infectado. Quase chorei naquele dia. Fiquei arrasado.

 

Mas de onde veio a ideia da pesquisa de campo?
CT: De um telefonema para Pedro (Pierro). Estava com muito receio de levar pedrada. Não queria ser confundido com tantos oportunistas que aparecem nessas horas de crise. Surgiram muitas fake news na internet. Juntos decidimos que seria mais prudente então iniciar pelos médicos.

Foi uma decisão estratégia?
CT: Sim. Sabemos que se avançarmos com os médicos e os resultados forem positivos, fica mais fácil de ajudar os pacientes. Os médicos são os prescritores.

 

Como será a pesquisa? Quantos médicos vocês pensam em aceitar?
CT:
Pensamos primeiramente em 10. Mas já recebemos 27 inscrições em menos de uma semana. Conseguiríamos dar conta de até 150 pessoas.

 

Mas não faltaria medicamento para os pacientes?
CT:
Como estamos aumentando nossa estrutura de plantio e de laboratório – vamos inaugurar um prédio novo no centro de João Pessoa em 20 de maio –, não há risco de isso acontecer.

 

A ideia é ter dois grupos, de homens e mulheres?
CT:
Não. Pensamos em selecionar um grupo para ansiedade, outro, para imunidade, e outro de infectados –estes últimos podem receber nebulização para broncoterapia. Há comprovações científicas das propriedades broncodilatadoras e anti-inflamatórias da Cannabis.

 

Você vai contar com a ajuda de alguma universidade?
CT:
Duas universidades já se ofereceram, uma é de Minas Gerais, e a outra de Santa Catarina. Provavelmente teremos apoio, sim. Queremos ajudar os médicos do front, que estão morrendo para salvar vidas.

 

 

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Setor da Cannabis se adapta e começa a minimizar danos da pandemia https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/03/27/setor-da-cannabis-se-adapta-e-comeca-a-minimizar-danos-da-pandemia/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/03/27/setor-da-cannabis-se-adapta-e-comeca-a-minimizar-danos-da-pandemia/#respond Fri, 27 Mar 2020 16:23:32 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/03/WhatsApp-Image-2020-03-19-at-16.35.20.jpeg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=900 Atualmente estamos todos no mesmo barco. A maioria das pessoas passa o dia acompanhando a subida dos números dos infectados e mortos pelo Covid-19 no mundo, noticiada nos principais meios de comunicação. No meio a isso, o isolamento social –que o brasileiro não está nem um pouco acostumado– e a impressão de que a vida está passando literalmente na janela de casa. Não é bem assim.

Especificamente no setor da Cannabis, já se vê mobilizações para amenizar as inúmeras perdas deste período.

  • A americana HempCare, por exemplo, anunciou que entregaria um carregamento de medicamentos à base de Cannabis no Brasil, a preço de custo. O óleo de 1.000 mg, de 30 ml, que custa R$ 655 vai chegar em solo nacional por R$ 240. A fundadora da empresa, a paulistana Cristiana Taddeo, 47, ficou preocupada com uma série de telefonemas de mães de pacientes crônicos que recebeu. “Elas estavam preocupadas com o aumento do dólar e a possibilidade de faltar medicamento no mercado”, diz Taddeo, que mora em São Paulo. Desde que o isolamento foi decretado em alguns estados americanos, houve uma corrida aos dispensários de Cannabis. A demanda aumentou tanto que as ações das empresas de maconha subiram –mesmo antes do anúncio da ajuda de 2 trilhões de dólares do governo americano à economia do país devido ao coronavírus. Taddeo teve o rim transplantado e sabe o que é ser uma paciente crônica. “Eu sei o que é lidar com uma série de efeitos colaterais das medicações clássicas. A Cannabis ajuda muito no bem-estar de muitas doenças”, diz a empresária, que também dirige a Be Hemp, fundação de pacientes com epilepsia em São Paulo.
  • Única entidade com permissão de cultivar Cannabis medicinal, a Abrace (Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança) vai doar óleo de CBD (canabidiol) para os médicos que estão trabalhando nas unidades de emergência do atendimento aos casos de Covid-19. A atitude vem de uma intenção real do fundador da entidade Cassiano Teixeira de ajudar este profissional de saúde, que fica muito exposto ao vírus. A substância aumenta a imunidade das pessoas. No início, 20 médicos serão cadastrados e supervisionados por Pedro Pietro, neurocirurgião com experiência em prescrição de tratamento com Cannabis medicinal. “Os médicos ficam muito expostos ao vírus. O óleo de CBD pode ajudar para que  eles não fiquem doentes”, conta Pietro.
  • Em Montana, nos EUA, um fabricante de cosméticos de CBD resolveu produzir álcool gel, para compensar a falta do produto no mercado. A Green Ridge Biosolutions começou distribuindo gratuitamente 2 mil garrafas pela cidade de Ronan. Agora colocaram o produto em linha de fábrica e está à venda.Em outras palavras, o mercado está se adaptando às novas necessidades. Ninguém está na janela vendo a vida passar, mas trabalhando e colaborando para atravessarmos um período muito difícil da saúde física, mental e econômica do mundo.

 

 

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