Cannabis Inc. https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br Notícias de saúde e negócios Thu, 25 Nov 2021 16:04:37 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Peru aprova a primeira fórmula similar ao Mevatyl, produto de Cannabis considerado alternativa aos opioides https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/11/22/peru-aprova-a-primeira-formula-similar-ao-mevatyl-produto-de-cannabis-considerado-alternativa-aos-opioides/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/11/22/peru-aprova-a-primeira-formula-similar-ao-mevatyl-produto-de-cannabis-considerado-alternativa-aos-opioides/#respond Tue, 23 Nov 2021 01:50:30 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/Verdemed-Tetraidrocanabinol-Canabidiol-1-1-300x215.jpg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=2507  

Desde 2017, o Mevatyl é o único produto de Cannabis registrado pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) no Brasil, para o alívio dos sintomas do câncer – dores e enjoo – e da espasmocidade provocada pela esclerose múltipla. Produzido pela inglesa GW Pharmaceuticals foi originalmente batizado de Sativex, mas aqui mudou de nome.

Na sexta-feira, 19, a Digimed –órgão sanitário, equivalente à Anvisa no Peru– registrou a primeira fórmula similar no mundo. Trata-se do Sativyl, da Farmacêutica Verdemed, com 27 mg/ml de THC (tetrahidrocanabidiol, substância psicoativa) e 25 mg/ml de CBD (canabidiol). Segundo os médicos, a proporção quase igual dos dois canabinoides é o diferencial para aliviar as dores fortes. O vidro tem 10 ml e 250 mg de concentração.

De acordo com dados do IARC (Agência Internacional para Pesquisa em Câncer), o número de casos foi de 19 milhões em todo o mundo em 2020. Já a esclerose múltipla –doença autoimune, degenerativa e progressiva – atinge 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, a incidência é de 15 pessoas em cada 40 mil, segundo o OMS (Organização Mundial de Saúde).

Tanto o medicamento da GW como da Verdemed são alternativas aos opioides, classe de medicamento conhecido pela eficiência n combate à dor.  Mas causam dependência química e podem levar o paciente à morte.

A longo prazo, o paciente com dor crônica, em geral, precisa de doses cada vez maiores para aliviar a dor. Nos EUA, o aumento do consumo virou questão de Saúde Pública. Dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão americano de saúde, registrou aumento de 28,5% das mortes por abuso de opioides, de abril de 2020 até o mesmo mês deste ano –em comparação ao mesmo período do ano anterior.

O produto também é um substituto dos medicamentos clássicos contra o enjoo e o vômito, sintomas provocado pelo tratamento de quimioterapia. Há uma parcela da população refratária aos antieméticos alopáticos, que sobrecarregam o fígado. Além disso, o Sativyl é um fitoterápico.

Mas a grande vantagem do lançamento da Verdemed no Peru é o preço. O Sativyl sairá pela metade do custo do Mevatyl, que é vendido a R$ 3,4 mil a caixa, com três frascos com 10 ml (spray), nas farmácias brasileiras. “Nossa caixa com três vidros deve ficar entre R$ 1.600 e R$ 1800. No início do ano já estaremos com o produto à venda no comércio peruano”, garante José Bacellar, CEO da Verdemed.

Quando o produto vem para o Brasil? A empresa já entrou com a documentação para análise do produto na Anvisa. Enquanto o pedido de registro tramita, a alternativa para o paciente seria importar o Sativyl. Porém, a empresa não sabe ainda se e quando haverá essa possibilidade. Aguardemos por mais novidades.

 

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No dia mundial do Alzheimer, cientista antecipa progresso na pesquisa com tratamento de THC https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/09/21/no-dia-mundial-do-alzheimer-cientista-antecipa-progresso-na-pesquisa-com-tratamento-de-thc/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/09/21/no-dia-mundial-do-alzheimer-cientista-antecipa-progresso-na-pesquisa-com-tratamento-de-thc/#respond Tue, 21 Sep 2021 21:16:54 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/Francisney-Nascimento-e1602293304313-300x215.jpeg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=2374 Nesta terça-feira, 21, o dia mundial do Alzheimer foi motivo para pesquisadores brasileiros renovarem as esperanças no tratamento com a Cannabis medicinal. Mais especificadamente com o THC (tetrahidrocanabidiol, substância derivada da planta).

Em dose baixa –de meia miligrama em extrato full spectrum rico na substância–, ela não  provoca os feitos psicotrópicos característicos do canabinoide e diminui os sintomas do Alzheimer, demência senil, sem tratamento.

A esperança de progresso vem de um grupo de pesquisadores da Unila (Universidade Universidade Federal da Integração Latino-Americana), que encerra uma pesquisa de quatro anos com pacientes de Alzheimer, em janeiro de 2022. “Ainda não identificamos o que cada grupo está tomando, mas há uma parte de idosos com progressos visíveis”, diz Francisney Nascimento, coordenador do grupo de pesquisa e professor de Medicina e Biociência da Unila. A pesquisa recebe o suporte da Abrace (Associação Brasileira de Assistência às Famílias Portadoras de Câncer e Hemopatias), que fornece o medicamento.

O paciente zero foi o agricultor Delci Ruver, de 78, da cidade de Planalto, com 12 mil habitantes, no interior do Paraná, diagnosticado com Alzheimer. Ele recebe o tratamento com extrato de THC desde 2018. O pesquisador pode medir os avanços no estado clínico dele. “No teste minimental, padrão para avaliar demência, o paciente apresentou escore superior ao do início do tratamento, o que demonstra que recobrou parte da atividade da memória perdida”, diz Nascimento.

“A ação do THC no hipocampo, região da memória, faz crescer novos brotamentamentos neuronais (dendritos, ramificação entre os neurônios).” O pesquisador explica que esse é o problema do Alzheimer. Os neurônios não morrem, mas as conexões entre eles que se enfraquecem. As hipóteses científicas são efeito anti-inflamatório, antienvelhecimento, e brotamento neural.

A pesquisa inclui também a avaliação do estresse oxidativo e a oxidação com a coleta do líquido cefalorraquidiano a cada seis meses. “Vamos dosar no sangue se esses fatores levantados em experimentos anteriores são reduzidos pelo THC.”

O caso de Delci virou um artigo científico, que será publicado no Journal of Medical Case Reports, em breve. Nascimento explica que estudos realizados com animais demonstram a eficiência do THC em aumentar a conexão entre os neurônios, possibilitando atividade cerebral mais intensa. O pesquisador deixou aqui um recado para os doentes e familiares especialmente para os leitores do Cannabis Inc. Assista aqui.

 

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Mais um derivado da Cannabis (CBG) chega ao mercado e médicos fazem ressalvas https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/07/19/mais-um-derivado-da-cannabis-cbg-chega-ao-mercado-e-medicos-fazem-ressalvas/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2021/07/19/mais-um-derivado-da-cannabis-cbg-chega-ao-mercado-e-medicos-fazem-ressalvas/#respond Mon, 19 Jul 2021 22:39:49 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/IMG_8350-300x215.jpg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=2244 Já ouviu falar em CBG (Cannabigerol)? A maioria das pessoas não conhece esse derivado da Cannabis, mas ele vem sendo divulgado por três produtores, que comercializam o óleo do produto no Brasil. São tantas as promessas de terapias, que entrevistei três especialistas para saber quais as devidas indicações.

O CBG foi descoberto na década de 1960, pelo pesquisador israelense Raphael Mechoulam, também conhecido como o pai das pesquisas com Cannabis. Mas não foi tão pesquisado como os conhecidos CBD (Canabidiol) e o THC (Tetrahidrocanabidiol), por ser encontrado em baixa quantidade nas plantas (menos de 1%). Ao que parece, com o aumento do mercado de Cannabis medicinal, o CBG começou a sobrar nas empresas, que resolveram investir no produto.

“O CBG é um excelente antiinflamatório e é indicado para o tratamento de intestino irritado”, diz o neurocirurgião Pedro Pierro, conhecido prescritor de Cannabis medicinal. “No início, os pesquisadores achavam que se tratava de um potencializador do CBD, mas descobriram que, na verdade, ele mantém a dosagem do CBD por mais tempo. Por isso, indico como coadjuvante, para reduzir a dose necessária de CBD.”

O médico Pedro Piero, no consultório, prescreve o CBG como coadjuvante do CBD

 

O tema vem despertando a curiosidade dos pacientes. “Um deles chegou ao meu consultório dizendo que o  CBG faz neurogênese (formação de novos neurônios). Mas isso é marketing em cima de uma hipótese construída com base nos estudos realizados em animais”, diz a radiologista Paula Dall’Stella, especializada em medicina funcional, que faz parte da equipe do Núcleo de Cannabis Medicinal do Hospital Sírio Libanês. “Há poucos estudos com humanos. A grande maioria aponta para pesquisas com animais”, diz ela.

O CBG é conhecido como “mãe de todos os canabinoides”, por ser o precursor de muitos deles, incluindo o CBD e o THC. Este e outros produtos considerados inovadores, derivados da Cannabis medicinal, são objetos de estudos de clínicas, como a Thronus Medical e a Thronus Education, fundada pela médica brasileira Mariana Maciel, em Vancouver, no Canadá.

Ela explica o processo de transformação do CBG: “Na cadeia de biossíntese de canabinóides o CBGA é convertido em THCA em CBDA que se transformam em THC e CBD, respectivamente. Esse processo chama-se descarboxilação. Ele é induzido por calor e luz, que acontece no ciclo normal de floração da planta Cannabis. Com o tempo, a quantidade de CBGA vai diminuindo cada vez mais a medida que forma outros canabinóides. Mas uma parte dele também é descarboxilada em CBG.”

Maciel lembra que a Cannabis contém mais de 100 canabinoides. “O mercado internacional comercializa outros como Delta-8-THC, CBC e CBN, por exemplo. Mas realmente precisamos ter cuidado para não cair em falácias de marketing, estar atento às evidências científicas e preservar sempre a segurança do paciente.”

Seguem aqui as promessas de tratamento, que ainda precisam de confirmações de estudos clínicos:

  • tratamento de glaucoma, pois acredita-se que tem poder de diminuir a pressão intraocular,
  • redução de inflamações intestinais observadas em alguns camundongos,
  • tratamento de Huntington, doença causada pela degeneração das células nervosas, pesquisa de 2015, com camundongos, mostrou poder regenerador de neurônios,
  • indícios de bloquear os receptores que provocam o crescimento das células cancerosas,
  • inibidor das contrações da bexiga,

 

 

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Três empresas esperam análise da Anvisa para comercializarem novos medicamentos de Cannabis https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/11/22/tres-empresas-esperam-analise-da-anvisa-para-comercializarem-novos-medicamentos-de-cannabis/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/11/22/tres-empresas-esperam-analise-da-anvisa-para-comercializarem-novos-medicamentos-de-cannabis/#respond Sun, 22 Nov 2020 10:48:27 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/IMG_verdemed-extrato-de-cannabis-1-300x215.jpg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1687 Mesmo com as dificuldades de um ano comprometido pela pandemia do Covid-19, quatro empresas de produtos de Cannabis entraram com pedido de registro sanitário na Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária), neste segundo semestre. Uma boa notícia, principalmente para médicos e pacientes, que procuram bons produtos e acesso rápido ao medicamento.

Nas farmácias, estão à venda apenas dois medicamentos –classificados pela Agência de produtos de Cannabis. Custam mais de R$ 2.000 cada um. E as importações muitas vezes demoram mais de 1 mês. Vale lembrar, que dependendo da gravidade do caso, nem todo paciente pode esperar tanto tempo por um tratamento.

O aval da Anvisa é obrigatório para que os medicamentos à base da planta sejam comercializados no Brasil. Das quatro empresas protocoladas, três estão com os pedidos de registros sanitários em análise. São elas, Nunature Distribuição do Brasil Ltda, antes chamada de Superação Distribuidora  do Brasil Ltda, de produtos odontológicos, Belcher e VerdeMed. A quarta teve o pedido negado, segundo documentos levantado pela reportagem.

O blog não conseguiu contato com a Nunature e com a Belcher até o fechamento desta matéria. Os telefones não respondem em nenhum horário. A Anvisa não passa informações sobre as empresas ou sobre os respectivos produtos. Alega serem  informações sigilosas. Confirmou apenas a entrada de dois pedidos de medicamentos da canadense VerdeMed, em 19 de agosto.

Trata-se de um CBD puro (indicado para ansiedade, depressão e anticonvulsivo) e o outro misturado ao THC  (para esclerose múltipla). “Esperamos ser a primeira empresa a trazer esses produtos farmacêuticos com preços 30% inferiores aos praticados no mercado nacional”, diz José Bacellar, fundador e CEO da VerdeMed.

Todos os medicamentos de Cannabis possuem tarja preta, portanto são controlados: é necessário a prescrição médica para compra na farmácia. (Foto:Divulgação)

 

Nas farmácias do país já existem dois produtos similares aos que a VerdeMed pretende comercializar. Um é o Sativex registrado pela Anvisa em 2017 com o nome de Mavatyl, na concentração de 27 mg/ml de THC e 25 mg/ml de CBD. Em média, o frasco de 10 ml sai por R$ 2.500 em médica. Com as mesmas concentrações e quantidade, o preço estimado do produto da VerdeMed é de R$ 1.750.

O outro medicamento é o Canabidiol (CBD) de 200 mg/ml, de 30 ml, à venda por R$ 2.140, da Prati-Donaduzzi. O da VerdeMed deve custar R$ 1.498, na mesma quantidade e composição.

“Sei que ainda é muito caro para o paciente, mas espero poder diminuir ainda mais o preço, principalmente se for aprovado o Projeto de Lei 309-2015, que pede o cultivo da Cannabis medicinal no Brasil. “Pacientes, associações e empresas devem se envolver nesta luta  para que o tratamento seja mais acessível a todos”, diz Bacellar.Desde que abriu as portas em 2018,  a VerdeMed anunciou que seria uma empresa de genéricos da Cannabis.

Os mesmo produtos da empresa canadense que estão em análise serão lançados no Peru, mas com os nomes comerciais Sativyl e CBD 100. Em 2021, a Verdemed diz que vai submeter à Anvisa mais três produtos derivados de Cannabis  e, à agência reguladora da Colômbia, três dermocosméticos à base de canabinoides .

 

 

 

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Pesquisa científica inédita no Brasil analisa a eficácia da Cannabis no tratamento de enxaqueca https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/11/20/pesquisa-cientifica-inedita-no-brasil-analisa-a-eficacia-da-cannabis-no-tratamento-de-enxaqueca/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/11/20/pesquisa-cientifica-inedita-no-brasil-analisa-a-eficacia-da-cannabis-no-tratamento-de-enxaqueca/#respond Fri, 20 Nov 2020 23:58:02 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/enxaqueca-1-300x215.jpg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1703 A Canopy Growth, uma das gigantes canadenses de Cannabis, e o Hospital Israelita Albert Einstein, centro de excelência em medicina, vão investir juntos em uma pesquisa inédita no Brasil. Com desenho e orçamento aprovado pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária), o estudo clínico pretende analisar 110 pacientes com enxaqueca crônica, em tratamento convencional, mas sem grandes avanços nos resultados. O objetivo é testar a eficiência da Cannabis nestes casos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde a enxaqueca é a 10ª doença mais incapacitante e atinge 15% da população mundial. As mulheres são as maiores vítimas. O número de casos entre elas é mais do que o dobro do que entre os homens, segundo o Ministério da Saúde do Brasil.

Muitos pacientes serão selecionados dentro do próprio banco de dados do hospital, pelo coordenador do estudo, Alexandre Kaup, neurologista especializado em cefaléias, distonias e espasticidades. Além de ser pesquisador clínico do Einstein, ele coordena o Departamento Científico de Neuroepidemiologia da Academia Brasileira de Neurologia. Mas isso não quer dizer que outras pessoas não possam participar. “O mais importante é o voluntário estar dentro dos critérios”, explica Kaup.

“Há mais de 150 tipos de cefaléias. Entram no estudo os casos crônicos. Trata-se de quadros graves que se repetem pelo menos três vezes por ano”, diz Kaup. “Entra nesta categoria a dor de cabeça persistente acompanhada de sintomas como náusea, fotofobia e irritabilidade provocada por barulho durante 15 dias ou mais.”

O neurologista Alexandre Kaup, especializado no tratamento de cefaléias, coordena a pesquisa com Cannabis no Einstein. (Foto: Divulgação)

“Vamos acabar com o argumento de que não existe pesquisa científica de Cannabis”, diz  o médico Wellington Briques, diretor global para a área médica da Canopy Growth, referindo-se ao argumento mais contundente contra o tratamento com as substâncias da planta.

No Brasil, a ciência já não é uma prioridade, mas perde ainda mais relevância aos olhos dos coordenadores das instituições quando objeto do estudo é a Cannabis. O plantio não é permitido nem para estudo nas universidades, com exceção das que estão no estado do Rio de Janeiro. A importação da matéria prima aumenta muito o orçamento, sem contar o preconceito sobre o tema..

Wellington Briques: idealizador da pesquisa. (Foto: Divulgação)

Briques foi o grande responsável pelo estudo se concretizar. Meu primeiro encontro com o médico foi em junho de 2019, quando a Canopy Growth anunciou a chegada no Brasil a um pequeno grupo de jornalistas durante coletiva. Ele era um dos executivos do grupo, mas chamava a atenção pela tranquilidade, simpatia, discrição e modos polidos de cavalheiro– mas principalmente por ter uma meta bem clara, a pesquisa científica.

Desde que chegou à São Paulo, o cenário econômico internacional mudou muito. O mercado de Cannabis passou por queda de vendas e grandes empresas como a Canopy tiveram de enxugar custos. Veio ainda a pandemia da Covid-19. Mesmo assim, Briques continuou firme sobre a necessidade das pesquisas científicas. “Temos muitas evidências clínicas nos consultórios que precisam ser confirmadas.”No início do mês, ele me ligou com a excelente notícia de que finalmente estava com o projeto redondo.

“O estudo será duplo cego. Metade receberá CBD (canabidiol) e THC (tetrahidrocanabidiol) e a outra metade,  placebo”, conta. O recrutamento de voluntários  já começou. Fique de olho, em 2021 começa a pesquisa com os pacientes selecionados que serão acompanhados por 1 ano.

 

 

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Conheça o agricultor que regrediu os sintomas do Alzheimer com THC https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/11/16/conheca-o-agricultor-que-regrediu-os-sintomas-do-alzheimer-com-thc/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/11/16/conheca-o-agricultor-que-regrediu-os-sintomas-do-alzheimer-com-thc/#respond Tue, 17 Nov 2020 02:29:15 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/Delci-2-primeiro-paciente-Alzheimer-e-THC-e1605578193201-300x215.jpeg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1677 Atualmente está em curso uma pesquisa com 36 pacientes de Alzheimer, que tem como objetivo analisar a eficiência do tratamento com THC (tetrahidrocanabidiol, substância da Cannabis que dá o chamado “barato”). Coordenado pelo professor de Medicina e Biociência Francisney Nascimento, da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana), o estudo foi inspirado em um caso experimental onde a substância teve resultados “excepcionais”, segundo o autor.

O paciente é Delci Ruver, 77,  um agricultou simples, que passou a maior parte da vida em Planato, interior do Paraná, cidade com pouco mais de 14 mil habitantes. Ele sempre trabalhou em uma colônia da região, com a mulher, Maria Ruth, 75. Os dois formam um casal forte e saudável, mas que viu a vida virar de ponta cabeça, quando Delci começou a esquecer de coisas pequenas, porém importantes.

“Ele esquecia a porteira do sítio aberta. Quando pegava uma ferramenta, não sabia onde tinha largado. Também tinha problemas de equilíbrio”, diz Maria, que quando o marido saía sozinho ficava aflita por causa do açude da propriedade. Os médicos diagnosticaram o caso como Alzheimer.

“Eu estava ruim mesmo. Saía para a cidade e, ao chegar no centro, não sabia para onde ir”, conta ele. “O neurologista mandou um remédio, que não me fazia muito bem. Estufava minha barrida e eu continuava com problemas de memória.” A neta, a farmacêutica Ana Martins, 28,  aluna de Nascimento, pediu ao avô fosse até Foz do Iguaçu, onde mora.

“Toda manhã ele tinha um branco. Não conseguia saber onde estava ou qual era o dia. Trocava o nome da família. Por conta das confusões, não o deixávamos mais sozinho”, conta a neta que cresceu junto dos avós. Quando entrou no mestrado, Martins queria trabalhar com canabinoides. “Resolvi então que iria tratar o meu avô com Cannabis. Para isso, aprovei o estudo no comitê de ética na Unila.

“O extrato tinha uma concentração 8 vezes maior de THC do que CBD. Delci começou tomando 500 microgramas. Em seguida, aumentamos para 750 microgramas, mas ele piorou.  Passamos para 1 miligrama e observamos outra piora do quadro. Voltamos e estabelecemos o tratamento em 500 microgramas”, conta Martins.

Quando foi submetido a um teste cognitivo, Delci passou para o escore de um idoso saudável em apenas dois meses de tratamento. Aos poucos, Martins retirou toda a medicação convencional do avô e os avanços permaneceram estáveis. Hoje, ele tem uma vida normal.

Martins, ao centro, com os avós. (Foto: Álbum de família/Divulgação)
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Sucesso do THC no tratamento de Alzheimer leva à pesquisa ampla https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/10/09/sucesso-do-thc-no-tratamento-de-alzheimer-leva-a-pesquisa-ampla/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/10/09/sucesso-do-thc-no-tratamento-de-alzheimer-leva-a-pesquisa-ampla/#respond Sat, 10 Oct 2020 01:36:50 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/WhatsApp-Image-2020-10-07-at-13.02.21-300x215.jpeg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1539 O caso experimental de sucesso abriu caminho para novas perspectivas para doenças neurodegenerativas. Foram mais de dois anos de tratamento e acompanhamento de um paciente com Alzheimer, de 75 anos, que recebeu doses baixas de THC (tetrahidrocanabidiol, uma das substâncias da Cannabis). O doente recuperou  a cognição e o reconhecimento espacial. Chegou ao nível de uma pessoa sem a doença e manteve os ganhos durante todo o período de acompanhamento.

“O resultado é excepcional e confirma dados anedóticos de pacientes que se encontram na internet. Mas ninguém ainda mostrou isso com dados científicos. Estamos correndo pra publicar”, diz o professor de Medicina e Biociência Francisney Nascimento, 38, da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) em Foz do Iguaçu.

Nascimento resolveu colocar em prática um estudo amplo randomizado e duplo cego. “Durante 12 meses, 36 pacientes serão avaliados no humor, depressão e dosagens bioquímicas (proteínas), que aumentam em pacientes com Alzheimer”, explica ele.

Metade dos pacientes receberão micro doses de THC, 1 mg. “Para ter uma ideia, esta quantidade equivale a 100 vezes menos do que a encontrada em um cigarro de maconha”, diz Nascimento.  “O THC é administrado em gotas uma vez ao dia e não induz a nenhum efeito colateral se não leve diarreia nos primeiros dias em alguns pacientes, devido ao perfil gorduroso do óleo.” Os demais tomarão placebo.

Um estudo publicado na revista científica Nature, em 2017, já apontou o THC como um indutor da formação de neurônios no hipocampo (principal sede da memória e do sistema límbico). Teste em ratos e animais idosos mostraram que ajudou na melhora justamente da melhora.

Nascimento explica que depois dos 65 anos, o organismo perde canabinoides, o que aumenta a suscetibilidade às inflamações e doenças degenerativas, entre elas, o Parkinson e o Alzheimer. “Os pacientes que sofrem com enxaqueca, por exemplo, possuem menos canabinoides no corpo.” Os estudos apontam que há uma queda dos receptores de canabinoides e dos próprios canabinoides, que circulam no organismo.

Nascimento: pesquisa com THC em pacientes de Alzheimer. Foto: Divulgação

Mentor do estudo, Nascimento conta com parceiros com expertise na área de Cannabis, caso de Fabrício Pamplona, neurocientista em canabinoides, e a Abrace Esperança, associação de pacientes da Paraíba, que fornecerá o medicamento para os pesquisadores. O responsável técnico da pesquisa é o neurologista Elton da Silva, professor da Unila. “Pretendo fazer o maior estudo da literatura internacional do tema”. Para os pacientes e familiares, é sem dúvida uma grande esperança.

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Girão pede a inclusão de CBD no SUS e Gabrilli, de todos os medicamentos de Cannabis https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/09/22/girao-pede-a-inclusao-de-cbd-no-sus-e-gabrilli-de-todos-os-medicamentos-de-cannabis/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/09/22/girao-pede-a-inclusao-de-cbd-no-sus-e-gabrilli-de-todos-os-medicamentos-de-cannabis/#respond Wed, 23 Sep 2020 00:16:46 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/mara-gabrilli-web-size-e1598228530907-300x215.jpg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1466 Nesta terça-feira (22), o senador Eduardo Girão (PODE-CE) recuperou um plano antigo. Encaminhou um manifesto ao Ministro da Saúde Eduardo Pazuello, pedindo que o CBD (canabidiol) fosse distribuído pelo SUS (Serviço Único de Saúde). Ele conseguiu o apoio de 28 senadores. O objetivo é até nobre. Um vidro de CBD na farmácia custa em média R$ 2.500. O documento recebeu o apoio de 28 senadores.

Até eu assinaria– se ele não estivesse colocando de escanteio outras substâncias da planta que são importantes. Girão alega que apenas o CBD tem comprovação científica para o tratamento dos efeitos da epilepsia e de outras doenças raras. Não é bem assim.

A literatura e a experiências de muitos clínicos apontam que o efeito entourage – a interação entre as substâncias da Cannabis – potencializa o CBD. Girão quer o CBD isolado. O THC também vem se mostrando muito eficiente no tratamento de dor e náuseas quando associado ao CBD.

A senadora Mara Gabrilli (PSB-SP), conhecendo bem a posição do colega, elaborou outro documento, que ressalta a importância de todos os componentes da Cannabis. Como usuário dos medicamentos derivados da plantas, Gabrilli pede a inclusão no SUS de todos os medicamentos à base de Cannabis – e não apenas do CBD.

No documento ela escreve: “O Congresso nacional está neste momento debruçado em construir uma lei, em conjunto com a sociedade meedico científica, sem nunca deixar de ouvir sem nunca deixar de ouvir as pessoas que necessitam das medicações e suas famílias. Exietem como já mensionado, fartos exemplos pelo mundo de países bem-sucedidos na promoção de avanços da legislação, sobretudo no que tange ao controle de regulação  do cultivo, , produção e comercialização dos medicamentos e produtos de Cannabis medicinal , evitando que a população seja obrigada a importar medicamentos de que necessitam.”

 

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Conhecido como o canabinoide do sono, o CBN é a nova aposta do mercado https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/09/06/conhecido-como-o-canabinoide-do-sono-o-cbn-e-a-nova-aposta-do-mercado/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/09/06/conhecido-como-o-canabinoide-do-sono-o-cbn-e-a-nova-aposta-do-mercado/#respond Sun, 06 Sep 2020 03:57:01 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/ruderalis-cannabis-leaf-300x215.jpg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1347 Só no Brasil 73 milhões de pessoas sofrem de insônia, de acordo com a Associação Brasileira do Sono, e 23 milhões de ansiedade, pelos dados da Organização Mundial de Saúde. A boa notícia é que um canabinoide ainda pouco difundido, o CBN, promete ajudar nestes dois distúrbios.

Por esta propriedade terapêutica, ele promete ser a nova aposta também do mercado de Cannabis medicinal. Se as expectativas se confirmarem, haverá um grande reboliço na área farmacêutica, que investiu muito em medicamentos tanto para a insônia como a ansiedade.

Abaixo coloquei um artigo muito interessante sobre os novos campos econômicos e da saúde, que estão se abrindo com o CBN. O texto foi publicado originalmente no Benzinga e El Planteo, publicações direcionadas ao mercado da Cannabis.Vale muito a leitura.

 

3 razões para os empresários prestarem atenção ao CBN, o próximo canabinóide emergente

Conheça o canabinóide que pode auxiliar quem tem insônia*

Até agora você já conhece o CBD (cannabidiol). Talvez tenha explorado alguns produtos com infusão de CBD– e tópicos e tinturas a desinfetante para as mãos e papel higiênico. Pode parecer que há um milhão de produtos diferentes disponíveis hoje.

Isso ocorre porque o setor de CBD registrou um crescimento de 706% em 2019. De fato, as projeções de crescimento do setor da BDS Analytics e da Arcview Market Research estão sugerindo que as vendas de CBD nos EUA ultrapassarão US$ 20 bilhões em 2024.

O crescimento maciço de produtos industrializados também pode trazer grande confusão, especialmente para empresários interessados ​​na “corrida verde”.

É claro que o setor de CBD está prosperando. Mas quando atinge o platô? O que vem a seguir? Cannabinol ou CBN.

Rapidamente 2020 está se transformando  no ano de estratégias de negócios dinâmicas e não há momento melhor do que o presente para destacar o próximo canabinóide emergentes: o CBN.

O que é o CBN? Como o CBD, o CBN é um canabinóide e deriva da decomposição das moléculas de THC (tetra-hidrocanabinol). Embora o THC e o CBD estejam no centro do palco na maioria das vezes, o CBN agora está emergindo do fundo. Ocorre naturalmente na planta à medida que envelhece. Simplificando, quando aquecido ou exposto ao oxigênio, o THC se converte em CBN.

Por meio dos processos de extração de Good Manufacturing Process (GMP), o CBN também pode ser extraído do THC. A pesquisa continua a identificar se o CBN é ou não psicoativo ou se tem um efeito psicoativo muito leve. Um estudo realizado pelos laboratórios Steep Hill sugere que o CBN poderia ser o mais sedativo de todos os canabinóides. Pode potencialmente ajudar indivíduos que sofrem de insônia e ansiedade.

1.Por que o CBN ao invés do CBD? Além do mercado de CBD super-saturado,  CBN mostra a oportunidade de um mercado emergente: a de desenvolver um subproduto de THC com os potenciais benefícios à saúde proporcionados por uma melhor noite de sono.

Imagine ajudar mais de 50 milhões de adultos americanos que sofrem de um distúrbio do sono. Como vimos com a popularidade da CBD, é apenas uma questão de tempo até que uma celebridade ou atleta profissional aproveite a oportunidade.

2. Benefícios para o consumidor podem ser oportunidades de negócios. É importante observar que faltam pesquisas sobre canabinóides. No entanto, algumas pesquisas mostram que os benefícios do CBN podem afetar positivamente a saúde e o bem-estar humano em geral, com o potencial de ajudar a aliviar os sintomas, incluindo insônia. Pesquisas anteriores indicam que a combinação de CBN e THC intensifica o comportamento letárgico.

No entanto, o CBN sozinho produz quantidades vestigiais de impacto psicoativo e fornece benefícios semelhantes aos medicamentos farmacêuticos do sono sem os efeitos colaterais, permitindo um sono natural mais profundo. Um sono melhor promove a capacidade do corpo de reduzir naturalmente a inflamação, é uma função de um sistema imunológico saudável e permite que o corpo se recupere de lesões.

Além disso, os pesquisadores descobriram que o CBN aumenta o apetite, dando aos indivíduos que desejam evitar os efeitos psicoativos do THC outra opção, que é diferente do efeito do CBD que funciona como um inibidor de apetite.

À medida que a pesquisa continua sobre os benefícios da CBN, teremos uma ideia melhor do alívio promissor que esse cannabinóide oferece, incluindo alívio da dor, alívio da inflamação, morte de infecções bacterianas e apoio à regeneração óssea, entre outros.

3. O futuro do CBN. Diferentemente do CBD e do THC, o potencial terapêutico do CBN como sedativo não invasivo no tratamento de distúrbios do sono pode atrapalhar a indústria farmacêutica, ajudando milhões de americanos que sofrem noites sem dormir. Os produtos concentrados da CBN estão começando a se destacar em nosso mercado atual e, embora as projeções de crescimento ainda estejam pendentes, seu impacto no setor de saúde e bem-estar pode ser enorme. Você verá papel higiênico com infusão de CBN ou desinfetante para as mãos, provavelmente não? O CBN pode ser encontrado em produtos como tinturas, gomas e tampas de gel e provavelmente chegará a corredores de supermercado em todo o país.

À medida que o THC e o CBD se destacam,  CBN emergente continuará ganhando força à medida que mais empresas nos EUA apostarem nele como o próximo grande canabinóide e começará a desenvolver e produzir produto,s que ajudarão os americanos a dormir melhor. Quem sabe, pode até haver uma oportunidade de fundir os três canabinóides mais conhecidos para obter o conhecido efeito comitiva (quando um canabinoide reforça o outro).

Há muito potencial com esse canabinóide emergente para alívio terapêutico e oportunidades de negócios. Como 2020 virou o ano de articulação das estratégias de negócios, talvez seja a época para se concentrar no potencial crescimento de mercado do CBN.

*Por Guillaume Plante, co-fundador e diretor de operações da Somnus. Traduzido por Weederia.

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Para NatuScience, THC pode ser visto como droga, mas é medicamento https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/07/30/para-natuscience-thc-pode-ser-visto-como-droga-mas-e-medicamento/ https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2020/07/30/para-natuscience-thc-pode-ser-visto-como-droga-mas-e-medicamento/#respond Thu, 30 Jul 2020 13:47:59 +0000 https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/ruderalis-cannabis-leaf-300x215.jpg https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/?p=1173 Para saber sobre o panorama desafiador da Cannabis medicinal no Brasil, entrevistei Theo Van der Loo, fundador da NatuScience, criada para pesquisar novos medicamentos para doenças como epilepsia, esclerose múltipla e autismo.

No Brasil, o executivo esteve durante 30 anos à frente da Bayer, uma das maiores farmacêuticas do mundo. O setor da Cannabis medicinal segue aqui quase as mesmas regras que a Anvisa exige para o registro de um medicamento alopático. A NatuScience surgiu um ano e meio depois de Van de Loo ter saído da Bayer.

São muitos os desafios dos empresários da Cannabis no Brasil. Para começar, a regulação do setor é nova – aprovada em dezembro­– e muito técnica para quem não entende de fármacos. Some isso ao preconceito em relação ao tema.

Há ainda a crise econômica atual provocada pela pandemia da Covid-19, que refreou os investimentos em todo o mundo. Vale lembrar que a maioria das empresas nacionais ainda se encaixa na categoria startups. Isso quer dizer que estão em ritmo de captação de investimentos.

Na entrevista abaixo Van der Loo discorre sobre o preconceito ao THC, substância importante para muitos tratamentos, e a necessidade da aprovação de uma lei de cultivo para viabilizar um preço final mais acessível aos pacientes.

 

Qual é o maior desafio de um empresário da Cannabis atualmente no Brasil?
TVL: O grande desafio é conseguir trazer o THC acima de 0,3%. É muito difícil conseguir um fornecedor para importar. Não é uma questão de regulatório da Anvisa, mas de polícia. Há um preconceito muito grande em relação ao THC. Ele pode ser visto como uma droga, mas é um medicamento. Alguns medicamentos só vão funcionar se você tiver uma dose maior de THC.Ele é necessário para o tratamento de doenças.

 

É tão importante assim?
TVL: Sim, por causa do dose-resposta em forma de sino, quando você tem de aplicar uma dose maior de THC para conseguir o benefício da substância. Você tem de achar o limite bom de cada paciente (o que varia conforme o indivíduo). A dose atual que vem sendo dada é muito baixa. Teria de ser 0,7%, pelo que venho pesquisando.

 

Muitas pessoas encaram a Cannabis como uma commodity. O que o senhor acha disso?
TVL: Chamar de commodity é banalizar um pouco. Não se trata de um genérico. Tem mais coisas que não conhecemos sobre a Cannabis do que conhecemos. Falar que é commodity, sem estudo suficiente, não é adequado. Não existe patente nesta área, o que aumenta o desafio. No medicamento clássico você descobre a molécula e depois desenvolve o remédio.

Mas então como se estabelece a diferença entre os medicamentos de Cannabis?
TVL: A genética é o diferencial. Para ter sempre o mesmo produto o único caminho está na clonagem das plantas. Você pode ter duas plantas com a mesma concentração, mas elas podem ser diferentes, funcionando para doenças distintas.

 

Qual é a sua visão sobre o futuro da Cannabis medicinal no Brasil?
TVL: Há muito o que fazer ainda conforme for aumentando a qualidade do produto e paralelamente melhorando o regulatório. Há todo um preconceito que precisa ser dissolvido. Também é preciso educar o médico como usar a Cannabis. Informá-los sobre as formulações que as empresas têm. Podemos falar da qualidade e da genética. Mas a indicação terapêutica só vai surgir quando houver o registro para aquela terapia. Cada indicação é uma pesquisa clínica.

Qual é a receptividade dos médicos em relação à Cannabis?
TVL: Tenho muita visão farmacêutica. Há 450.000 médicos no Brasil. Cerca de 70.000 especialistas seriam um grupo alvo. Destes apenas 40% se interessariam, ou seja 28.000. Como ainda não existem registros de testes clínicos na Anvisa, apenas 10% experimentariam a Cannabis.

Hoje um medicamento de Cannabis na farmácia custa em torno de R$ 2.000. Não dá para fazer um produto mais acessível?
TVL: Fizemos um cálculo por alto. Você aumenta R$ 1.005 o preço com ICMS e transporte. Isso sem a margem de lucro. Efetivamente, todo mundo vai tentar baratear o custo de fabricação.  Mas o Brasil precisa rever a política de proibição do plantio para viabilizar preços acessíveis.

 

Qual é o projeto da NatuScience?
TVL:
Nosso projeto é importar o extrato e embalar no Brasil. O mundo perfeito seria plantar aqui para fazer a própria genética da Cannabis medicinal que se quer usar. Por enquanto, estamos adequando o laboratório às exigências da Anvisa.

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