Campanha propõe legalizar a indústria do cânhamo

Consultor de uma empresa de inovação, o economista Felipe Watanabe, 28, lançou essa semana o vídeo da  campanha “Cânhamo, sim”. Apesar de o tema ter virado “moda”, a ação chama a atenção por não ser encabeçada por uma empresa da área farmacêutica.

Para quem não acompanha a discussão, o cânhamo é o nome popular da Cannabis ruderalis, rica em CBD (canabidiol) e com quase zero de THC (substância que dá o barato). Já o termo maconha se refere a Cannabis com alto índice de THC, caso da sativa e da índica. Base para remédios, o cânhamo ganhou evidência ao se demonstrar eficiente em doenças graves e crônicas, como câncer e epilepsia.

Há vídeos interessantes e até polêmicos, como o do CBD Legal, liderada pela VerdeMed, laboratório canadense de produtos à base de cânhamo, com apoio de outras 10 empresas do setor, como Cantera e Indeov. Ou mesmo o vídeo educativo da  HempMeds Brasil, que procura esclarecer a diferença do cânhamo e da maconha.

Formado em Economia pela Jacksonville State University, Alabama, EUA, Watanabe trabalha com empresas que desejam investir em inovação, mas com atividades sustentáveis. O objetivo é levantar possibilidades de negócios, que deixem resíduo positivo para a sociedade. “A indústria do plástico, por exemplo, gera lixo, resíduo negativo, que precisa ser reciclado.” Watanabe lembra: “Reciclar é consertar um erro na cadeia produtiva.”

Durante uma pesquisa, ele se deparou com o dado do Fórum Econômico Mundial de Davos de que o oceano terá mais plástico que peixes até 2050. Foi daí que Watanabe começou a mergulhar no assunto e chegou ao cânhamo.

“Imagine uma matéria prima tão versátil como o petróleo, mas sem os impactos ambientais negativos, uma matéria prima 100% renovável e que pode ser facilmente cultivada em diversos lugares do mundo”, desafia no vídeo. Autointitulado como entusiasta da inovação, ele sugere a discussão de uma nova indústria no Brasil.

A produção e comércio do cânhamo são proibidos no Brasil, mesmo diante da versatilidade produtiva. Ele é matéria prima para a indústria da construção, farmacêutica, de celulose e têxtil. O cânhamo se adapta a diferentes climas e solos.

Watanabe precisa de 22 mil assinaturas até 16 de novembro para levar a discussão dele ao Congresso. A campanha é exemplo de uma boa prática democrática de alguém disposto a provocar mudanças. Para apoiar clique aqui.