Associação diz à comissão da Cannabis a importância de outras substâncias além do CBD, no remédio
Única associação de pacientes com permissão judicial de plantio no Brasil, a Abrace Esperança foi um dos grandes motivos que levou a comissão especial da Cannabis visitar à Paraíba. Os deputados Paulo Teixeira (PT-SP), Luciano Ducci (PSB-PR) e Eduardo Costa (PTB-PA) incluíram João Pessoa, capital do estado, como um dos destinos importantes para aumentar o conhecimento dos deputados sobre o tema.
A comissão já esteve no Uruguai, na Colômbia e agora em João Pessoa. No Uruguai viram um estado que comandou a regulação do comércio liberando primeiramente o uso adulto e depois seguindo para o campo medicinal. Na Colômbia, entraram em contato com uma regulação robusta, focada na Cannabis medicinal, mas que não conseguiu ainda garantir o acesso dos remédios aos pacientes. “Por isso”, segundo Luciano Ducci, “permitiram a venda em farmácias de manipulação”.
Em João Pessoa, tiveram a oportunidade de conhecer um projeto de sucesso, que começou para ajudar um grupo pequeno de famílias. Atualmente, a associação atende 3 mil pacientes. “Ela conseguiu construir um ambiente inclusivo”, diz o deputado Eduardo Costa. “Existe um esquema de desconto que varia de 20% a 100% dependendo da situação financeira do paciente. Da produção total de óleo, 30% é para pacientes inscritos no sistema de ajuda social do governo, como o Bolsa Família.”
“A associação tem 3.500 sócios que pagam anuidade de R$ 360. Os sócios, possuem descontos nos medicamentos”, conta Costa. Fundador e diretor da Abrace, Cassiano Teixeira contou ao deputado que no início ele conseguia as plantas no comércio paralelo. Disse que nem sabia colocar preço.
Hoje, em um sistema seguro, controlado e que conta com o apoio técnico da Universidade Federal da Paraíba, possui 2 mil plantas cadastradas, codificadas e rastreadas. O plantio fica dentro da antiga residência do presidente da associação. Um cultivo indoor. “Com uma equipe técnica de 70 pessoas, entre assistentes sociais, bioquímico e técnico em Farmácia, Cassiano consegue produzir um produto de qualidade.”
No entanto, o mais importante na visita para Costa, “foi entender que não adianta pensar apenas em CDB”. “Todos os componentes da planta Cannabis são importantes. O THC reage potencializando o efeito do CDB. Isso sem contar as outras substâncias e os terpenos (óleos aromáticos). Tudo isso é comprovado cientificamente”, conta Costa.
Os parlamentares também estiveram na Liga Canábica, outra associação paraibana, que luta pelo acesso das pessoas ao medicamento. No início a Liga e a Abrace eram uma só associação. Mas depois que Cassiano Teixeira conseguiu o habbeas- corpus do cultivo veio a separação.
No final, os deputados ainda tiraram as dúvidas sobre o custo. Perguntaram a Cassiano se ele conseguiria produzir ali um remédio como o Mevatyl. Vendido na farmácia, ele é composto de CBD e THC nas mesmas proporções. “Sim”, respondeu. Quanto custaria? “R$ 300”. O original, importado, sai por R$ 2,8 mil.