Canabidiol será testado em médicos do front na guerra contra o Covid-19
Referência nacional no atendimento de pacientes que necessitam de medicamentos à base de Cannabis, o paraibano Cassiano Teixeira, 46, resolveu entrar na briga contra o coronavírus. Em parceira com o neurocirurgião Pedro Pierro, 46, antigo prescritor de remédios à base de Cannabis, ele vai dar óleo com 2% de canabidiol aos médicos que estão na linha de frente nos hospitais. O objetivo é ajudar no aumento da imunidade dos profissionais e ao mesmo tempo testar a eficiência da substância nestes casos.
“Vamos fazer uma pesquisa de campo, mas ainda não delimitamos o número de participantes”, diz Teixeira. Ele é o fundador da Abrace Esperança, a única associação de pacientes que conseguiu autorização da Justiça para o cultivo em território nacional. Atualmente, atende 4.260 pacientes. Envia mensalmente pelo correio 1500 frascos para todo o país.
“Esta história começou na semana passada com um telefonema”, diz Pierro. “Estávamos preocupados com a situação, achando que poderíamos colaborar mais, estão tivemos a ideia da pesquisa com os médicos.” Pierro explica que estes profissionais terão maior facilidade de dar retornos clínicos mais exatos do que pacientes, durante o monitoramento. Abaixo a entrevista com Teixeira:
Como surgiu a ideia da pesquisa?
CT: Recebi um vídeo de um médico com Covid-19 sendo entubado no Rio Grande do Sul. Depois um amigo, que também é médico, me ligou dizendo que foi infectado. Quase chorei naquele dia. Fiquei arrasado.
Mas de onde veio a ideia da pesquisa de campo?
CT: De um telefonema para Pedro (Pierro). Estava com muito receio de levar pedrada. Não queria ser confundido com tantos oportunistas que aparecem nessas horas de crise. Surgiram muitas fake news na internet. Juntos decidimos que seria mais prudente então iniciar pelos médicos.
Foi uma decisão estratégia?
CT: Sim. Sabemos que se avançarmos com os médicos e os resultados forem positivos, fica mais fácil de ajudar os pacientes. Os médicos são os prescritores.
Como será a pesquisa? Quantos médicos vocês pensam em aceitar?
CT: Pensamos primeiramente em 10. Mas já recebemos 27 inscrições em menos de uma semana. Conseguiríamos dar conta de até 150 pessoas.
Mas não faltaria medicamento para os pacientes?
CT: Como estamos aumentando nossa estrutura de plantio e de laboratório – vamos inaugurar um prédio novo no centro de João Pessoa em 20 de maio –, não há risco de isso acontecer.
A ideia é ter dois grupos, de homens e mulheres?
CT: Não. Pensamos em selecionar um grupo para ansiedade, outro, para imunidade, e outro de infectados –estes últimos podem receber nebulização para broncoterapia. Há comprovações científicas das propriedades broncodilatadoras e anti-inflamatórias da Cannabis.
Você vai contar com a ajuda de alguma universidade?
CT: Duas universidades já se ofereceram, uma é de Minas Gerais, e a outra de Santa Catarina. Provavelmente teremos apoio, sim. Queremos ajudar os médicos do front, que estão morrendo para salvar vidas.