Menina símbolo da luta pelo direito ao CBD morre de complicações da Covid-19
Até a última terça-feira (7), 85.280 pessoas morreram vítima da Covid-19, entre elas, a adolescente símbolo do avanço do direito conquistado pelos pacientes de se tratarem com Cannabis medicinal nos EUA. Charlotte Figi, 13, era do Colorado, mas inspirou mães e famílias ao redor do mundo.
Ela nasceu em 2006, com Síndrome de Dravet, mais conhecida como epilepsia genética da infância. Trata-se de uma doença incapacitante e progressiva com risco de morte súbita. As crises epilépticas podem levar à parada respiratória e, em seguida, cardíaca. Os doentes de Dravet são muito suscetíveis à alta temperatura corporal, que leva a este quadro mais crítico.
Desde o início de março, a família de Charlotte estava doente em casa, mas com sintomas que não se enquadravam devidamente aos da Covid-19. Por isso se tratavam em casa. Mas o quadro da adolescente se agravou na terça-feira (3), quando então foi internada no Children’s Hospital Colorado. O exame deu negativo para a Covid-19, mas ela foi tratada com o mesmo protocolo dos doentes positivos. Na terça seguinte (7), no início da manhã, Charlotte faleceu, em consequência de um ataque epiléptico que desencadeou parada respiratória e cardíaca.
A menina começou a se tratar com Cannabis medicinal na infância, aos 5 anos. Na época, chegou a ter 300 ataques epilépticas em uma semana. Mas o tratamento com óleo de CBD, com o tempo, zerou os ataques. Ele era feito a partir de uma cepa de Cannabis, desenvolvida especialmente para Charlotte pelo produtor Stanley Brothers.
Charlotte conseguiu ter qualidade de vida e estava se alfabetizando. “Quando eu vi a notícia da morte dela fiquei muito mexida, triste mesmo” disse Maria Aparecida de Carvalho, mãe de Clara, que também tem síndrome de Dravet. “Foi lendo a história e a luta de Charlotte pela web que, em 2013, descobri o tratamento de Cannabis para a minha filha. Ela me inspirou e me deu coragem para tentar.”
Cidinha, como é mais conhecida, hoje é presidente da Cultive, associação paulistana de pacientes, que ensina a cultivar Cannabis medicinal. Como a maioria da população, ela está em quarentena em casa com o marido e os filhos. A Clara chegou a ter uma pneumonia e foi internada, mas não era Covid-19. “Foi uma infecção bacteriana, graças a Deus”, diz Cidinha, que informa que a menina já voltou para casa e passa bem. “Vou redobrar os cuidados com minha filha. Fiquei ainda mais preocupada depois da morte de Charlotte.”
Nesta quarta (8), no Charlotte’s Web, do produtor Stanley Brothers, foi publicada um a homenagem, que termina com a seguinte frase: “Charlotte, you are the light of our lives. Thank you for your life, bravery, and your beautiful soul. (Charlotte, você é a luz de nossas vidas. Obrigada pela vida, bravura e bela alma)