Duas propostas de nome para a lei do cultivo de Cannabis – caso o PL 399-2015 seja aprovado–estão dividindo as associações de pacientes. Ambas fazem alusão a pessoas envolvidas na luta pelo tratamento com base na planta.

Cassiano Teixeira, fundador da paraibana Abrace Esperança, saiu na frente. Logo no dia seguinte ao PL ser entregue na Câmara dos Deputados, na quarta-feira (19), ele sugeriu que a lei fosse batizada de Anny Fischer, 12. Maior e mais estruturada associação do Brasil, a Abrace tem 5 mil sócios e atende 8.434 pessoas pelo Brasil. É a única com autorização da Justiça para o plantio de Cannabis.

Filha do executivo Norberto Fischer e da paisagista Katiele, a pré-adolescente Anny marcou a luta pelo tratamento por ser a primeira brasileira a conseguir a importação de um remédio à base de Cannabis medicinal em 2014. Ela sofre de uma síndrome rara, CDKL5, que provoca convulsões epiléticas, que foram aplacadas com uma das substâncias da Cannabis, o CBD (canabidiol).

“Acho que o Cassiano foi precipitado”, disse a psiquiatra Eliane Nunes, diretora geral da SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis).  Advogada e fundadora da Apepi (Apoio a Pesquisa e pacientes de Cannabis), a advogada Margarete Brito também concorda com Nunes. “Anny é uma menina linda, mas não representa todos os pacientes”, diz ela.

Por isso lançou o nome de Elisaldo Carlini, professor emérito da Unifesp (Universidade Federal  de São Paulo) e diretor do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas). Ele é considerado a grande referência nacional em estudo e pesquisa da Cannabis medicinal.

Brito é mãe de Sofia, que nasceu com a mesma doença que Anny. Para conseguir tratar a filha com CBD, ela entrou com pedido de habeas corpus de plantio em 2016. E foi a primeira a ter autorização judicial para o autocultivo no Brasil.

Teixeira e Brito lançaram dois abaixo-assinados. Quando fechei este post, Elisaldo Carline estava com 2300 assinaturas e Anny Fischer com 2.500. A disputa será bem acirrada.