Pai brasileiro da Cannabis falece no Hospital Albert Einstein, em SP
Professor da Universidade Federal de São Paulo, Elisaldo Carlini,90, é o grande nome da ciência quando o assunto é Cannabis medicinal. Ele foi o primeiro pesquisador a realizar um estudo sobre o efeito do canabidiol na epilepsia no país. Isso foi há exatos 40 anos. Internado na UTI do Hospital Israelita Albert Einstein, ele faleceu nesta quarta-feira (16).
Carlini formou-se médico pela Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) em 1956. Lá, continuou como professor do Departamento de Farmacologia e fundou o Departamento de Psicobiologia da EPM. Destacou-se quando abriu e dirigiu o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid).
Assim tornou-se um dos maiores especialista sobre drogas e entorpecentes e, segundo a própria Universidade, um dos mais respeitados internacionalmente. Durante toda a vida dedicou-se aos estudos dos efeitos da maconha e de outras drogas.
Ele foi um dos grandes incentivadores da Cannabis medicinal. Em 2019, já com o câncer em estado avançado, compareceu às audiências da Comissão Especial da Cannabis na Câmara dos Deputados. Não poupou esforços para colaborar com o PL 399-2015, que propõe o cultivo da Cannabis e do cânhamo industrial. Tanto que circula um abaixo-assinado para que a Lei seja batizada de Elisaldo Carlini.
No mesmo ano organizou o curso sobre Cannabis medicinal, junto com a SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis) na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Zona Leste, liderada pelo pároco Francisco Silveira, mais conhecido como Padre Chicão.
Recebeu duas condecorações da Presidência da República pelo trabalho como pesquisador. Foi citado 12 mil vezes em pesquisas científicas nacionais e internacionais. Ocupou o cargo de presidente da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) em membro do Conselho Econômico Social das Nações Unidas. Em nota, a reitora da Unifesp Soraya Soubihi Smaili, referiu-se a ele como o “querido médico, professor e pesquisador”. E completou: “A carreira e trajetória como intelectual, cientista e militante pela legalização da maconha medicinal mostram a grandeza do professor Carlini.”