Cresce a demanda por clínicas de Cannabis no Brasil

As clínicas médicas de Cannabis estão crescendo em tamanho e número no Brasil. A Gravital foi a primeira do gênero inaugurada no Rio de Janeiro em 2019, inspirada em um modelo canadense de negócio. Este ano, ela abriu outra unidade em Porto Alegre.

Em 2020, um grupo de médicos experientes no assunto fundou o Centro de Excelência Canabinoide, mais conhecido como CEC, em São Paulo– e em outubro expandiram para o Espirito Santo.

De fato, uma das grandes dificuldades do paciente é achar um médico especializado em Cannabis. O Brasil tem 466.135 profissionais, de acordo com o último estudo demográfico de 2018. Menos de 1% desta população tem conhecimento adquirido para tratar com as substâncias derivadas da planta. E as clínicas agrupam vários deles.

Outra questão é a concentração de médicos nos estados do Sudeste. São Paulo (132.195) e Rio de Janeiro (66.000) reunem a metade dos médicos do país. Existe aí um nicho a ser explorado. E se bem trabalhado vai facilitar muito a vida dos pacientes, principalmente daqueles que moram afastados dos centros médicos. Com a pandemia, todas as clínicas passaram a atender também por vídeo conferência.

Há mais novidades chegando por aí. Em dezembro, a Medicina In aterrissa no mercado como a primeira clínica que nasce totalmente on-line. “A plataforma surgiu pela dificuldade detectada na escolha de um médico capacitado”, diz Darwin Ribeiro, de 35, co-fundador do Medicina In. “As empresas de marketplace  geralmente reúnem uma lista de profissionais com especialidades diversas. Na Cannabis medicinal, funciona diferente. Não importa se o médico é neurologista ou ortopedista, o fundamental é conhecer o sistema canabinoide. Isso quase ninguém sabe”.

Darwin Ribeiro: clínica on-line, medicamentos e clube científico para médicos.(Foto: divulgação)

Ribeiro diz que ele mesmo desconhecia o assunto. Por isso, abriu a plataforma com um sistema simplificado, com preço padrão de consulta (por volta de R$ 250) e médicos que atendem como clínico geral. Os preços das consultas deste segmento estão em torno de R$ 1.000. “Há quem entenda que o médico mais caro é o melhor, o que não é uma realidade. Pensei então em melhorar o acesso padronizando o valor da consulta.”

O empreendedor diz que além de selecionar os profissionais, o site oferece atualização em Cannabis contínua, uma espécie de apoio científico aos médicos.” A clínica começa com o atendimento virtual no estado paulista, mas tem pretensão de atender o território nacional, além de outros países latino-americanos.

No ano que vem, a Remederi será outra opção para o paciente. Ela surge com um negócio on-line especializado na Saúde, mas sem clínica própria. O site oferecerá serviço médico de parceiros e, em breve, irá disponibilizar medicamentos próprios.

“O objetivo é oferecer produtos que atendam as exigências farmacológicas. A Cannabis medicinal precisa ter um padrão constante. Uma das grandes dificuldades do tratamento é acertar a dosagem para cada paciente”, explica Fabrizio Postiglione, 31 anos, idealizador do projeto. “O desafio do médico é achar a dosagem certa para cada paciente. Se o medicamento varia, a dificuldade é muito maior.”

Formado em Administração na Inglaterra, ele voltou ao Brasil há dois anos quando soube que o pai estava com câncer. “Meu pai ficou internado no Hospital Paulistano, em São Paulo. Os médicos desconheciam o tratamento com Cannabis. Achavam que daria conflito com as demais medicações”, conta Postiglione.

A partir desta experiência, ele mergulhou no assunto e se associou com amigos, entre eles, havia um cultivador de Cannabis no Uruguai. Uma das indicações da Cannabis medicinal é justamente tratar pacientes com câncer, pois alivia muito as dores crônicas e a náusea provocada pela quimioterapia.