Saiba como escolher um medicamento de Cannabis
No Brasil, o consumidor pode comprar a Cannabis medicinal artesanal –produzida por associações de pacientes – ou a fabricada pela indústria. Todas possuem produtos com concentração e composição diversas. Mas como escolher entre elas?
Primeiramente deve se ter em mente que não se trata de um medicamento milagroso, que serve para qualquer doença. “Só um médico pode orientar se o paciente deve ou não optar pela Cannabis. E se for o caso de administrá-la, irá receitar a dosagem e o tipo”, diz o neurocirurgião Pedro Pierro, experiente prescritor e professor de cursos para médicos.
São três os tipos de Cannabis medicinal no mercado. “O full spectrum tem todos os canabinoides (nome dos compostos da planta como o CBD e o THC), além dos terpenos (aromas) e óleos essenciais”, explica Pierro. Por exemplo, o óleo de CBD full spectrum é elaborado com o canabinoide, que dá nome ao medicamento, em alta concentração, e os demais, em baixa.
Há também a Cannabis de spectrum ampliado, feito com um ou dois canabinoides a mais que o principal, e o isolado, com apenas um tipo de componente. “A partir desses três blends saem todos os produtos que estão no mercado. O full spectrum é melhor, geralmente. É minha primeira escolha”, diz Pierro.
Isso quer dizer que entre um CBD full spectrum e outro isolado, Pierro prefere o primeiro. Para ele, os demais canabinoides do componente interagem e aumentam os efeitos do princípio ativo principal.
Outro ponto relevante tem a ver com a concentração. “Se você passa da dose, ela pode não fazer efeito. Nem sempre a dose maior dá o melhor efeito”, explica Pierro. Os médicos calculam a dose limite a partir do peso do paciente. A partir dela, a posologia é ajustada de acordo com as características do paciente.
Depois de ter a prescrição do especialista em mãos, outro desafio do consumidor é comparar preços de produtos de marcas diferentes. Para saber se um medicamento custa mais que o outro, deve-se observar a concentração do canabinoide principal. Por exemplo, dois vidros de óleo de CBD, de 30 ml, podem ter quantidades diferentes do ingrediente diluído. O rótulo deve trazer a quantidade de miligramas de CBD. O consumidor deve calcular o preço dos miligramas de CBD por milímetro de óleo dos dois produtos em questão e então compará-los.
“Uma dica importante, que poucos médicos sabem, muito menos o consumidor, tem a ver com a viscosidade do óleo.” Pierro explica que 1 ml de água corresponde a 20 gotas. Já 1 ml de óleo equivale de 20 a 40 gotas, dependendo da viscosidade do mesmo.
Os especialistas são unânimes em dizer que a constância da formulação do medicamento é importante no tratamento. A procedência da Cannabis medicinal deve ser averiguada. Vale lembrar que nos EUA ela é regulada pelo FDA (Food and Drug Administration) como complemento nutricional e não como medicamento. Por último, investigue a marca, se ela tem respaldo no mercado, e não leve em consideração apenas o preço.