Especialistas analisam o lançamento dos CBDs isolados da Prati-Donaduzzi
O CBD (canabidiol) é um dos fitocanabinóides da Cannabis sem efeito psicoativo. A mesma molécula trata de epilepsia à enxaqueca, mas em concentrações diferentes. Nos EUA, é comprado com a mesma facilidade que um analgésico e o consumidor pode escolher entre vários fabricantes.
No Brasil, a compra do CBD é permitida apenas mediante a apresentação de prescrição médica controlada. Atualmente, o consumidor encontra apenas um produto de um fabricante nacional à venda na farmácia. Se ele não quiser, tem de recorrer à importação para ter mais oferta de produtos e preços.
A paranaense Prati-Donaduzzi foi a primeira empresa nacional a lançar um CBD, este com 200 mg/ml. Foi em 2020, quando o produto conseguiu o registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O medicamento tinha como objetivo atender principalmente à população com epilepsia refratária. Por isso, saiu em uma concentração alta.
As novas versões apresentadas esta semana ao mercado, com 20 mg/ml e 50 mg/ml, possuem outro tipo de indicação. Especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem e integrante do grupo do ambulatório de Cannabis medicinal do Hospital Sírio Libanês, Paula Dall’Stella explica que as concentrações mais baixas poderiam ser usadas em quadros de ansiedade e enxaqueca, por exemplo.
Para esses casos, acabam sendo, sim, mais acessíveis que o CBD de 200 mg/ml, que custa em média R$ 2 mil. O lançamento do CBD de 20 mg/ml deve sair entre R$ 240 e R$ 280, segundo a Prati-Donaduzzi. “Para tratar um paciente com ansiedade, são necessários, em geral, 2 frascos com 20 mg/ml, de 30 ml, por mês. É importante lembrar que as doses diferem de acordo com o paciente.”
Neste caso, o consumidor pagaria R$ 540 (cálculo elaborado com a média de R$ 270) por mês –menos que os R$ 2 mil necessários para comprar o CBD 200.
Para os especialistas em Cannabis medicinal, o CBD isolado tem características diferentes do CBD full spectrum (que vem acompanhado dos demais fitocanabinoides). “A tendência é usar doses menores do medicamento com fitocanabinóides do que do isolado”, diz farmacologista de canabinoides Fabríco Pamplona.
“O fitocomplexo é mais eficiente que uma molécula isolada”, lembra Stella. Ela se refere ao efeito sinérgico entre os compostos, que é benéfico e aumenta a eficácia do remédio.