Anvisa conclui processo de análise de registro de novo CBD
Em breve, um novo produto de Cannabis medicinal chegará ao mercado. Na semana passada, a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) concluiu a análise do pedido de registro da Promediol, empresa suíça com um braço no Brasil, ainda pouco conhecida por aqui.
Ela será a terceira farmacêutica com produto registrado no mercado nacional, desde a publicação da RDC 327, de 2019, que dispõe sobre os procedimentos para conseguir a autorização sanitária, que são os mesmos exigidos para qualquer medicamento. A primeira foi a paranaense Prati-Donaduzzi, em 2020, e a segunda, a Nunature, no primeiro semestre deste ano.
“A análise do nosso produto foi rápida, saiu em seis meses. Fiquei impressionada com a celeridade da Anvisa”, diz a diretora Adriana Schulz, sócia da empresa Promediol, que trabalha com Cannabis medicinal com grau farmacêutico, que é uma das exigências da Anvisa. No Brasil, o CBD é uma substância registrada e controlada com receita.
Nos EUA é diferente. O CBD com teor de menor de 0,3% de THC (canabinoide com efeito psicoativo, que dá o tal “barato”) não é substância controlada e regulada pelo DAE (Drug Enforcement Administration). Isso porque não é classificado como medicamento, mas suplemento.
“Estamos esperando a publicação do registro no Diário Oficial. Depois disso, o plano é colocar o nosso produto na prateleira das farmácias no máximo até o início do ano que vem”, diz Schulz. A Promediol chega no mercado com um grande diferencial: o custo do CBD deve ficar em torno de US$ 65, o equivalente a R$ 325. “Manterei o mesmo preço do produto importado”, diz Schulz. O CBD da concorrente Prati-Donaduzzi sai R$ 2.100.
A Promediol irá produzir óleo de CBD (Canabidiol), um dos compostos químicos (canabinoides) encontrados na Cannabis, que interage com o metabolismo das células. Sem efeito psicoativo, o produto é fitoterápico e indicado para ansiedade. Leia a baixo a entrevista com Adriana Schulz:
Cannabis Inc.: Imaginei que os processos da Anvisa estivessem mais lentos, por causa da covid. Pelo jeito sua aprovação foi rápida, não?
Adriana Schulz: Foi muito mais rápido do que eu mesma esperava. Saiu em seis meses, o que prova que a Anvisa tem celeridade nos processos.
Cannabis Inc: Você tem experiência na área farmacêutica para ter conseguido atender todas as exigências da Anvisa tão rapidamente? Pergunto isso, porque essa deve ser uma questão para as empresas que não são do ramo.
Sim, é verdade, nem todas as empresas de Cannabis são farmacêuticas. Fiz engenharia de alimentos e fui trabalhar com meu pai, Mario Augusto. Ele era dono do Laboratório Windson, especializado em medicamentos OTC (“over the counter”, que quer dizer “além do balcão”, ou seja, venda livre), como os antigripais.Aprendi muito com meu pai. Eu me interessava pela área de inovação e acabei investindo na Cannabis medicinal, que a meu ver tem potencial de grande uso e de inovação. Não é uma panaceia, como muitos pensam.
Quando foi isso?
Em 2017. Desde então, venho pesquisando como entrar no mercado. Foi então que descobri a Promediol, empresa suíça que produz o CBD com grau farmacêutico, focada em atender hoje o Brasil. Por isso virei sócia.
A Promediol pode ser comparada à inglesa GW Pharmaceutical?
Não! É uma presa muito nova. Mas a GW é um bom exemplo para seguirmos.
O preconceito em relação a Cannabis medicinal pode ser um empecilho para os negócios?
Todos os produtos que estarão no mercado são regulados pela Anvisa, que segue critérios rígidos para garantir a saúde dos brasileiros. Isso é muito importante, porque mostra seriedade. Outra coisa importante a ser ressaltada é o fato de todas as empresas que conseguem o registro serem obrigadas a fazer uma pesquisa clínica com o produto, em no máximo cinco anos. Caso contrário, perdem o registro na Anvisa. Quanto mais informações são veiculadas, menos preconceito teremos.