Governo colombiano entra na concorrência com o Uruguai ao liberar a exportação de flores de Cannabis
Bom exemplo o dos empresários colombianos da Cannabis ao mercado internacional –principalmente aos países que gostariam de estar nele, mas não estão. Há mais de dois anos, o setor se organizou e entrou em tratativas com o governo. No início de agosto, veio o resultado. O presidente da Colômbia Iván Duque Márquez liberou a exportação de flores de cânhamo e diminuiu a burocracia no setor.
O acordo foi assinado em uma reunião com os empresários na sede da Clever Leaves, uma das maiores empresas colombianas. “Até agora a Colômbia ficou assistindo o Uruguai vender ao mundo milhões de dólares em flores. Ou seja, nosso país perdeu dinheiro, se levarmos em conta o potencial que tem”, diz Julian Wilches, diretor de regulamentação da Clever Leaves.
A burocracia também promete ser menor, o que dará maior flexibilização às operações. “Para você ter uma ideia como funcionava, há processos que consigo fazer nos EUA em três meses, enquanto na Colômbia demorariam 3 anos.” A Clever Leaves tem operações e investimentos em outros países, como EUA, Canadá, Alemanha e Portugal –país este que permite a exportação de flores de Cannabis. Elas são a principal matéria prima para a fabricação do óleo, usado no tratamento medicinal.
Em 2020, pouco depois de o atual presidente do Uruguai Luis Lacalle Pou tomar posse, ele anunciou que a Cannabis seria tão importante como a carne para as exportações do país. Não demorou para serem fechados os primeiros acordos de exportação de flores. Entre eles, uma carga de quase duas toneladas para Israel, o equivalente a US$ 2,5 milhões.
“Não sabemos o quanto as exportações de flores podem trazer à Colômbia. Até agora participávamos da metade do mercado. As exportações de flores representam 50% de todos os negócios do setor”, diz Wilches.
Segundo ele, daqui para frente os desafios serão as boas práticas e as certificação. “Haverá uma grande mudança. Poderemos incluir outros canabinoides nos produtos, além do CBD, desde que não sejam psicoativos. Também foram criadas mais licenças de operação, porque o governo quer mais empresas na Colômbia.”
Assim como aconteceu no Uruguai, os empresários colombianos esbarravam em obstáculos. Muitos bancos não aceitavam dinheiro, por exemplo, que viesse do setor. Sem contar a demora na emissão de licenças e de envio do medicamento às farmácias. Os pacientes acabavam recorrendo ao comércio paralelo.
No Brasil, há o PL-399, que regula o comércio da Cannabis medicinal e o plantio do cânhamo industrial, que está na Câmara dos Deputados. Ele chegou a ser aprovado pela Comissão Especial da Cannabis, mas ainda tem destino incerto. Não foi resolvido se segue para o Senado ou vai para votação no plenário da Câmara. Agora fica a dúvida, se os nossos empresários do setor vão seguir os passos dos colombianos e, juntos, conquistarem avanços nos negócios e principalmente para os pacientes.