Brasil já tem curso de budtender, nova profissão do mercado da Cannabis

“O budtender é uma mistura de farmacêutico com vendedor. O profissional precisa conhecer muito bem os remédios para dar explicações e orientar o cliente na hora da compra.”O mesmo acontece com o universo da Cannabis”, diz a brasileira radicada no Canadá, Luna Vargas, 37, ao explicar a função deste profissional, ainda pouco conhecido, e o curso que oferece.

O consumidor sabe o quanto ajuda ser atendido por alguém bem informado na hora da compra. Na cidade de Toronto, por exemplo, há várias butiques de Cannabis, luxuosas e modernas, que ficam lotadas de canadenses e turistas, de todas as idades. Desde 2001, o país permite a maconha medicinal e, a partir de 2019, o comércio recreativo.

Apesar da curiosidade, despertada por anos de proibição, que lotam as lojas, muitos clientes ficam perdidos diante de tanta variedade da planta e seus derivados. “A grande parte dos brasileiros ainda não tem acesso a uma Cannabis de qualidade”, diz Vargas.

Essa percepção sobre a falta de conhecimento ganhou mais relevância quando Vargas foi trabalhar em um dispensário na British Columbia, no oeste do Canadá, região internacionalmente conhecida pela produção da Cannabis –assim como a Toscana (Itália) é identificada pelos vinhos, e Sevilha (Espanha) pelas laranjas.

Ela se empregou, no Village Bloomery, negócio que surgiu do desejo da proprietária em oferecer CBD às mulheres, que sofriam de cólica menstrual. “Eles têm um diferencial bem grande aqui. Antes da legalização, já faziam parte da cultura canábica local”, explica. “conhecem a fundo a história e a cultura canábica. Sabem o que vendem.” Isso nem sempre acontece no estado canadense de Ontário.

Foi na British Columbia que Vargas montou o primeiro curso de budtenders. “Ele não é um profissional que se limita ao balcão. O lojista também precisa saber selecionar os fornecedores e mercadorias para que os negócios progridam”, diz ela.

No curso da Infloreweb, organizado por Vargas, o aluno aprende a analisar os produtos, o perfil dos terpenos (aromas) de cada um dos canabinoides, o relacionamento entre médico e paciente, noções de mercado, além da parte científica e jurídica. “O budtender faz o link entre a indústria e o consumidor. Trata-se de uma função essencial do mercado”, resume Vargas.

Atualmente, a maioria dos cursos oferecidos no país é voltado para médicos. A Unifesp (Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo), por exemplo, está entre as entidades que criou um curso especial de Cannabis medicinal. O Hospital Oswaldo Cruz tem uma pós graduação latu sensu. Isso sem falar nos cursos de final de semana, montado para ajudar médicos a entender melhor essa ciência. Recentemente, surgiram aulas para advogados.

Diferente das cursos que foram montados até agora, o de budtender apresenta uma nova profissão ao mercado nacional. Esse é apenas um pequeno sinal do quanto a Cannabis pode contribuir para a criação de novos postos de trabalho. A Infloreweb, em breve, montará a quarta turma, mas ainda não há informações sobre o custo.