Anvisa adia votação da Cannabis entre rumores de mudança na pasta da Saúde

Cannabis ruderalis
Valéria França

Nesta segunda (7), a Anvisa anunciou que a tão aguardada votação da nova regulação para cultivo e comercialização da Cannabis medicinal foi adiada.  A mudança se deve a apresentação de duas sugestões encaminhadas por diretores do órgão. Ainda não se sabe o teor delas, mas os técnicos pediram mais tempo para analisá-las e por isso a reunião passou para a próxima terça (15).

A mudança surpreendeu o setor. Na semana passada o diretor-presidente da Anvisa havia dito que não recuaria na posição a favor do cultivo para fins medicinais e de pesquisa, apesar da pressão contrária que estava sofrendo. Em entrevista à Folha, falou que o não plantio acarretaria “em breve milhares de autorizações judiciais por plantio [por parte dos pacientes]”.

“Não acredito que isso tenha a ver com a pressão do lado mais reacionário do governo”, diz o advogado Emílio Figueiredo, famoso pelo trabalho junto aos pacientes para conseguirem habeas corpus para o cultivo doméstico. Ele se refere a Osmar Terra, ministro da Cidadania. Nas redes sociais, ele vem combatendo a mudança proposta pela Anvisa.

Talvez essa questão não se resolva na terça (15). “O recém-nomeado diretor da Anvisa, o contra-almirante Antônio Barra Torres, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), pode pedir vistas da matéria, o que levaria a outro adiamento da votação”, diz Figueiredo.

Nos bastidores ainda corre outra notícia: a de mudanças na pasta da Saúde. Não é segredo a insatisfação do Governo com a postura pouco “ideológica” do ministro Luiz Henrique Mandetta.