Padre da Zona Leste vira personagem de quadrinho educativo de Cannabis

Valéria França

Importante liderança dos Movimentos e Pastorais da Zona Leste de São Paulo, o padre Antônio Luís Marchioni, 68, mais conhecido por Ticão, virou um personagem de fato. Neste sábado (15), será lançado oficialmente o fanzine MMJ (Mães e Mulheres Jardineiras), onde ele é o astro.

O fanzine foi produzido pelos Green Brothers, dois empresários americanos que trabalham na área social e também são ativistas. Eles costumam fazer quadrinhos baseados em histórias reais, com fundo educativo, como As Aventuras de Mary Pot, que também faz parte do selo do grupo.

O HQ terá edição mensal. O primeiro já está disponível para download gratuito. A desenhista do fanzine é a brasileira Paula Caroline, de Natal. Ela participou do projeto MMJ (Mães e Mulheres Jardineiras), para tratar a depressão da mãe. O MMJ é um curso certificado pelo SBEC para ensinar as mulheres a plantar e fazer o óleo artesanal.

“Para conseguirem o habeas corpus para o autocultivo, o juiz exige que as pessoas saibam fazer o óleo”, diz a psiquiatra Eliane Nunes, diretora geral da SBEC, que também virou personagem do HQ. O MMJ é um grupo fechado, com 30 mulheres, via rede social. “Ele nasceu de uma necessidade da comunidade da paróquia. O padre recebia muitas mulheres que não sabiam como conseguir o óleo, mas não tinham recurso para importar.”

O projeto nasceu depois que o padre começou a dar um curso de Cannabis medicinal. Com o apoio da SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis) e da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), ele reuniu especialista de várias áreas, como médicos e advogados, para discutir e informar sobre o tema, que ainda causa muita polêmica e é cheio de preconceitos. “O grande sentido é a melhoria da vida”, conta ele.

O curso de Cannabis nasceu das classes de naturopatia, que também acontecem na igreja. “Apresento aos alunos 60 terapias naturais e distribuo sementes de plantas para que aprendam a plantar o que precisam. Já o curso de Cannabis tem dois anos. É semestral. A primeira turma tinha 4 mil pessoas. Agora são 5 mil inscritos”, diz padre Ticão, que está há 42 anos à frente da paróquia.

O HQ surgiu como uma forma de facilitar ainda mais a transmissão das mensagens que o padre e os parceiros do projeto fazem durante as palestras. Antes da pandemia, as aulas eram abertas e aconteciam na paróquia, com transmissão pela internet. Agora são apenas pela web.

No mesmo dia do lançamento do fanzine, a SBEC completa dois anos. A data será comemorada com a primeira Jornada Internacional. O tema será Cannabis Medicinal: panoramas e desafios no Brasil, com especialistas brasileiros e internacionais. A programação vai das 8h às 18h30. Para participar é só clicar aqui.